A Habitação Coletiva na Arquitetura de Sérgio Bernardes
Este artigo procura compreender o pensamento universalizante do arquiteto carioca Sérgio Bernardes, tal como expresso em suas obras e idéias sobre habitação coletiva. Examinam-se dois de seus principais projetos: o conjunto residencial Casa Alta, parcialmente construído, e a proposta independente dos “Bairros Verticais”, ambos concebidos para o Rio de Janeiro na década de 1960. A autora destaca que esses projetos se opõem às soluções convencionais de adensamento nas grandes cidades e propõem novos modos de vida mediante soluções arrojadas, baseadas em avançadas tecnologias construtivas.
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A Habitação Coletiva na Arquitetura de Sérgio Bernardes
A Habitação Coletiva na Arquitetura de Sérgio Bernardes
A Língua da Bala: Realismo e Violência em "Cidade de Deus"
O artigo analisa Cidade de Deus, romance de Paulo Lins publicado em 1997, e sua adaptação ao cinema no longa-metragem homônimo (2002), dirigido por Fernando Meirelles e co-dirigido por Katia Lund. Enfoca-se em ambas as obras a construção dos aspectos realistas em torno do cotidiano de violência nas favelas cariocas. Para a autora, livro e filme se pautam por um alto grau de elaboração literária e cinematográfica na obtenção do efeito de realismo ou espontaneidade. Destaca-se no primeiro a qualidade poética dos recursos lingüísticos e narrativos explorados pelo autor, que na adaptação à tela foram redistribuídos com êxito pelos vários componentes da enunciação cinematográfica, notadamente a preparação do elenco e a montagem.
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A Língua da Bala: Realismo e Violência em "Cidade de Deus"
A Língua da Bala: Realismo e Violência em "Cidade de Deus"
O artigo faz uma análise crítica do processo da globalização no âmbito das artes plásticas, o qual resultaria no abandono da idéia de uma “arte do mundo” em favor de uma “arte de todo o mundo”. Segundo o autor, engendra-se com a globalização um “folclore planetário”, uma estética da “diversidade indiferente”, e assim elimina-se a tensão, rica em conseqüências culturais, entre o próximo e o distante. Tal fenômeno teve início já com o processo de musealização da cultura e foi depois fortalecido pelas novas tecnologias da informação e pelos interesses econômicos na globalização. Por fim, o autor busca identificar nesse processo novas possibilidades estéticas, ligadas a outras relações com o que é culturalmente próprio e distante.
Neste debate, três destacados economistas brasileiros discutem as possíveis estratégias e restrições para a retomada do crescimento econômico do país. São apontados como elementos cruciais para um crescimento sustentado, entre outros pontos, a firme condução da política cambial pelo Banco Central, a implementação de uma política industrial e tecnológica, os investimentos em infra- estrutura, a diversificação das exportações e o financiamento do comércio exterior. Ao fazer esse prognóstico – que leva em conta as vulnerabilidades da economia brasileira, particularmente a volatilidade cambial -, os debatedores avaliam os efeitos da privatização e da reestruturação efetuadas nos anos 1990 e as primeiras iniciativas do governo Lula em matéria de política econômica.
Crítica: Livro “Atlas do romance europeu (1800-1900)”, de Franco Moretti (tradução de Sandra Vasconcelos). São Paulo: Boitempo Editorial, 2003, 216 pp.
O artigo examina o efeito da globalização sobre o leque das políticas disponíveis aos governos de diversos países e aos diversos partidos num dado país. A abertura econômica pode ampliar a desigualdade de renda em alguns países, levando a um aumento da carga tributária e a maior diferenciação entre partidos, mas a competição fiscal reduz as diferenças entre países e no interior deles; emulação e condicionalidades podem gerar convergência de políticas mesmo sob circunstâncias nacionais diversificadas; assim, os efeitos da globalização se mostram indeterminados. Conclui-se que a insatisfação com a democracia no mundo globalizado deve-se antes às políticas possíveis sob as restrições externas do que ao estreitamento da margem de manobra sob tais restrições.
Mané, Bandeira do Povo - Garrincha no Documentário de Joaquim Pedro de Andrade
Interrogando Garrincha, alegria do povo, documentário de Joaquim Pedro de Andrade de 1963, o artigo procura fazer jus à complexidade dos temas que mobiliza, aberta ou alusivamente. Ao mesmo tempo que problematiza o prognóstico alienante de Nelson Rodrigues acerca de um Brasil glorioso de garrinchas, o filme não deixa de erguer Mané como bandeira do povo. Instalado o paradoxo, vai ele documentando, entre planos e contraplanos, as aporias e contradições do cinema de esquerda no Brasil dos anos 1960, ao tratar de um tema espinhoso da cultura popular, e nacional, no quadro de uma era populista.
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Mané, Bandeira do Povo - Garrincha no Documentário de Joaquim Pedro de Andrade
Mané, Bandeira do Povo - Garrincha no Documentário de Joaquim Pedro de Andrade
Mona Lisa no Meio do Redemoinho - Instalações de Laura Vinci
A partir de 1997 o trabalho da artista Laura Vinci ganha um impulso decisivo. Suas instalações levantam questões novas sobre a experiência da natureza. Há nelas traços singulares que as diferenciam das produções de vários outros importantes artistas contemporâneos da Europa e dos Estados Unidos, como Joseph Beuys, Pier Paolo Calzolari, Walter de Maria e Michael Heizer. Nas obras de Laura Vinci a natureza se revela, simultaneamente, o lugar de relações harmônicas e ponto de cruzamento de forças selvagens e expansivas. Nelas se esclarecem e problematizam várias particularidades de nossa forma – de nós, brasileiros – de intervir no mundo, com suas ambigüidades e impasses.
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Mona Lisa no Meio do Redemoinho - Instalações de Laura Vinci
Mona Lisa no Meio do Redemoinho - Instalações de Laura Vinci
O Islã parece constituir atualmente uma alteridade radical para o Ocidente. Mas qual Islã e qual Ocidente? Mais do que descrever identidades constituídas, atitude típica do relativismo cultural, é preciso analisar as relações histórico-sociais dinâmicas entre as grandes culturas, que se traduzem também em horizontes antropológicos. Para além da emergência política do “choque de civilizações”, o artigo examina as estruturas relacionais que abrem para a história cenários diferentes e, sobretudo, uma perspectiva antropológica de compatibilidade jurídica e civil das grandes diversidades culturais e religiosas.
O Imposto Sobre o Comércio de Escravos e a "Legalização" do Tráfico no Brasil (1831-50)
Enfocando o Brasil do Primeiro Reinado e da Regência, o artigo aborda o conflito e a articulação de interesses entre o centro político e as oligarquias provinciais em torno da questão dos impostos sobre o comércio interno de escravos. A autora recorre aos relatórios anuais do Ministério da Fazenda produzidos no período 1820-40 como principal fonte documental do estudo, o qual busca dessa forma contribuir para preencher a lacuna da historiografia sobre o sistema fiscal brasileiro na primeira metade do século XIX, bem como apontar as implicações da estruturação desse sistema para o processo de construção do Estado nacional.
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O Imposto Sobre o Comércio de Escravos e a "Legalização" do Tráfico no Brasil (1831-50)
O Imposto Sobre o Comércio de Escravos e a "Legalização" do Tráfico no Brasil (1831-50)
Após a conquista da independência, em 1975, Moçambique adota o marxismo-leninismo como ideologia de Estado e ferramenta de construção da nação, buscando emancipar-se do passado colonial e “tribalista” e afirmar a unidade nacional num país essencialmente multilíngüe e multiétnico. Na sequência, Moçambique enfrentou uma guerra civil que só terminaria no início dos anos 1990 e que daria lugar à instauração de uma democracia multipartidária. Este artigo pretende refletir sobre os impasses vividos pelo país no âmbito das políticas culturais e educativas em meio a esse contexto, enfocando os posicionamentos da intelligentsia moçambicana na discussão contemporânea sobre a realidade “multicultural” do país.
Reforma Agrária, População e Meio Ambiente: A Experiência Brasileira Recente
O artigo enfoca os programas de reforma agrária conduzidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário durante a segunda metade dos anos 1990, quando se intensificam as expropriações de terras. Discutem-se os impactos ambientais, populacionais e socioeconômicos dos assentamentos rurais, examinando-se em particular os dados de uma pesquisa recente sobre assentamentos em várias regiões do país. Para os autores, os sistemas produtivos ali adotados têm constituído um importante fator de diversificação da produção agrícola assim como de desenvolvimento das economias locais, exercendo ainda um efeito positivo na questão da preservação ambiental.
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Reforma Agrária, População e Meio Ambiente: A Experiência Brasileira Recente
Reforma Agrária, População e Meio Ambiente: A Experiência Brasileira Recente
Muitos temas atuais das humanidades fazem eco a tópicos do Romantismo, tais como a fratura entre sujeito e objeto, a ironização da consciência e das formas, a questão do sublime, o conflito entre trauma e memória. Partindo desse pressuposto, o autor busca mostrar o quanto essas noções têm lugar na música mediante a análise de duas canções do compositor romântico alemão Robert Schumann, as de números 1 e 13 do ciclo Dichterliebe (“Amor de poeta”), escrito em 1840 a partir de poemas de Heine.