Gilberto Freyre bem gostaria que eu introduzisse no domínio francófono a sua primeira grande obra – Casa-grande & senzala -que ora aparece entre nós, com um título um pouco empobrecido, “Maîtres et esclaves” [“Senhores e escravos”]: bom para um romance russo do século XIX. Mas me mostrarei um prefaciador conveniente? Talvez eu esteja demasiadamente tomado pelo prazer de reler este livro que celebrizou seu autor. E que (felizmente) não é concludente.
A Internacionalização da cultura Negra: Jovens Pobres do Brasil e da Holanda
Ao investigar e comparar as maneiras como os jovens negros de classe social baixa em Amsterdã e em Salvador buscam melhorar sua posição e status na sociedade, o autor observa semelhanças surpreendentes, bem como diferenças fundamentais. Propõe-se então a discutir se as características comuns devem ser interpretadas como uma resposta a condições sociais semelhantes ou como uma conseqüência de elementos culturais enraizados na condição negra no mundo todo, os quais estariam sendo fortalecidos pelos processos de globalização.
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A Internacionalização da cultura Negra: Jovens Pobres do Brasil e da Holanda
A Internacionalização da cultura Negra: Jovens Pobres do Brasil e da Holanda
Repetir depois de tantos outros que Casa-grande & senzala é a obraprima de Gilberto Freyre é dizer pouco, muito pouco: por mais forte que seja o termo, não condiz com um sucesso tão raro e fulminante. Além disso, esta primeira obra de Freyre foi seguida por uma série de livros maravilhosos, nos quais o Brasil se escancara diante de nós infinitamente, tranqüilo e múltiplo, com o cheiro das suas plantas, florestas, casas, cozinhas, seus corpos brilhantes de suor.
Este artigo busca apontar diferenças quanto ao valor identitário e às vivências da condição masculina de acordo com a inserção social do indivíduo. Discute também o sentido da crise da masculinidade, relacionando-a a mudanças “socioestruturais” e argumentando acerca da inadequação de sustentá-la a partir da idéia do “homem vítima”.
André Franco Montoro foi um dos poucos políticos de sua geração com autêntica visão de estadista. Raros como ele foram tão consistentemente marcados pelo “public spirit”, requisito maior dos líderes democratas.
Em meio à falência ética das religiões no Brasil, os cultos afro-brasileiros, mais especificamente o candomblé, vêm abandonando a observância dos aspectos morais e doutrinários e supervalorizando sua dimensão mágica. Com a crescente importância da visibilidade do rito num contexto de competição pela oferta de serviços religiosos, as casas-de-santo raramente promovem atividades de desenvolvimento intelectual e moral de seus quadros e buscam atrair já não o fiel, mas o “cliente”, ao passo que se expande uma verdadeira indústria de artefatos sacros.
A iniciativa de comemorar o centenário de nascimento de Gilberto Freyre com a publicação de quatro prefácios a livros seus escritos por importantes intelectuais estrangeiros – dois franceses, um português e um norte-americano – confirma, em primeiro lugar, a excelente acolhida de sua obra nos círculos acadêmicos internacionais.
O artigo revisa e expande argumentos elaborados pelo próprio autor há três décadas, mediante os quais questionava a assimilação então corrente entre as noções de superpopulação relativa e de exército industrial de reserva e cunhava o conceito de “massa marginal”. Ao retomar tais argumentos à luz do ocorrido desde então nos planos teórico e empírico, busca desvincular algumas contribuições válidas da literatura sobre “o fim do trabalho” da questão mais específica do emprego, conectando-as em contrapartida com o problema geral da desigualdade.
Se as relevantes conferências de Gilberto Freyre aparecessem editadas em Portugal, não seria coisa absolutamente impossível que algum mais distraído entre os leitores portugueses concebesse a idéia de que o meu prefácio poderia ser uma espécie de apresentação, se bem que o autor seja hoje entre nós um escritor já célebre entre o grande público, e não só admirado pelos especialistas; impressas no Brasil, pelo contrário, serão as conferências e o conferencista que apresentarão o prefácio e o prefaciador.
O Paradigma da Pintura Moderna na Poética de Beckett
O autor examina a partir dos ensaios, declarações e peças teatrais de Samuel Beckett o sentido que ele atribui à pintura moderna e à peculiar posição do artista em meados do século XX. Marcada pela busca da “pureza de meios” e pelo seu típico jogo de linguagem “clownesco”, a estética beckettiana da indigência constitui um paradigma notável das condições universais da expressão sob a crise da relação entre a representação e seu ensejo no âmbito das artes modernas.
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O Paradigma da Pintura Moderna na Poética de Beckett
O Paradigma da Pintura Moderna na Poética de Beckett
Crítica: Livros “De volta para o futuro: política e reestruturação industrial do complexo automobilístico nos anos 90”, de Alexandre Comin. São Paulo: Annablume/Fapesp, 1998, 228 pp.
São Paulo no Contexto do Sistema Mundial de Cidades
O artigo discute a recente transformação socioeconômica da cidade de São Paulo, dialogando com a literatura internacional sobre a reestruturação dos espaços urbanos e a concentração de atividades de comando da economia mundial nas chamadas “cidades globais”. Sustenta que os processos vividos pela metrópole paulista ocorrem em paralelo aos verificados nas cidades mundiais, mas, pelo menos até recentemente, suas dinâmicas têm outra origem e aquele quadro conceitual nem sempre pode ser traduzido para São Paulo de modo direto. As transformações econômicas dos últimos anos, entretanto, podem ter começado a concentrar atividades de comando regionais mais amplas na metrópole paulista.
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São Paulo no Contexto do Sistema Mundial de Cidades
São Paulo no Contexto do Sistema Mundial de Cidades
Segregação, Fragmentação, Secessão: A Nova Geografia Social de Buenos Aires
A autora examina as novas configurações socioespaciais na Grande Buenos Aires a partir de três ordens de transformações lá verificadas desde o início dos anos 1990: a reestruturação do mercado de trabalho, o desenvolvimento de grandes intervenções urbanísticas e a pauperização das classes médias. Em meio a tais processos emerge um modelo urbano fragmentado, em que os espaços públicos passam a ser geridos segundo lógicas privadas e em que a sociedade se vê cada vez mais desagregada em face de múltiplas clivagens.
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Segregação, Fragmentação, Secessão: A Nova Geografia Social de Buenos Aires
Segregação, Fragmentação, Secessão: A Nova Geografia Social de Buenos Aires
Uma boa forma de começar este prefácio é lembrar os muitos brasileiros que afirmam que, futuramente, a história de seu país será dividida em duas fases: uma antes e outra depois de Gilberto Freyre. O divisor de águas é Casa-grande & senzala, publicado originalmente em 1933, do qual este volume, Sobrados e mucambos, publicado originalmente em 1936, é a continuação. Os livros descrevem o surgimento e o crescimento da civilização brasileira a partir da família patriarcal, a escravidão negra e a economia de monocultura, baseada na cana-de-açúcar. Mas Casagrande & senzala é muito mais do que apenas um livro – assinala o encerramento de uma época e o início de outra.