Crítica: Livros José Luís Fiori. “Em busca do dissenso perdido: ensaios críticos sobre a festejada crise do Estado”. Rio de Janeiro: Insight, 1995, 245 pp; “O vôo da coruja: uma leitura não liberal da crise do Estado desenvolvimentista”. Rio de Janeiro: EdUERJ 1995, 133 pp.
Tendo em vista a expansão do pentecostalismo no Brasil, em especial da Igreja
Universal do Reino de Deus, o objetivo deste texto é o de reconstruir o discurso religioso elaborado e a forma de crescimento desta igreja. Neste sentido, os conflitos com a Rede Globo e com a Igreja católica durante o segundo semestre de 1995, cujo palco privilegiado de discussão foram os meios de comunicação, servirão como pretexto para pensar elementos internos à Igreja Universal e de que maneira ela rege sua relação com a sociedade.
Crítica: Livros Hans Robert Jauss. “A história da literatura como provocação à teoria literária”. Tradução de Sérgio Tellaroli, apresentação de Regina Zilberman. São Paulo: Editora Ática, 1994, 78 pp.
Este artigo levanta questões relativas aos novos dilemas colocados para a democracia quando, em um contexto de globalização, as especificidades culturais de diferentes grupos se tornam instrumento da política. Privilegiando as mudanças na esfera da cultura, a autora busca uma compreensão de como – e se – se dá a incorporação progressiva das características culturais imanentes a um determinado grupo social à sociedade civil. Para tanto, retoma análises e conclusões de uma pesquisa sobre as representações em torno da identidade latinoamericana por ocasião das celebrações do V Centenário do Descobrimento da América.
O advento do Novo Mundo, com o Descobrimento da América, resulta num trabalho de dupla tradução. Primeiro, trata-se inserir o mundo novo no antigo, alocando-lhe um lugar que já lhe estava prefigurado na geografia, na história sagrada e no plano divino. O segundo movimento, inverso, visa imprimir o antigo no novo (a administração colonial, a imposição das línguas européias etc.). Este artigo analisa dois episódios exemplares desse processo no Brasil do século XVII, envolvendo os jesuítas Francisco Pinto e Antônio Vieira – respectivamente, uma guerra das relíquias que não houve e uma profecia que não se cumpriu.
Está em curso no Brasil uma controvérsia religiosa pública, deflagrada pelo episódio da transmissão televisiva de uma agressão física à imagem de Nossa Senhora Aparecida por um pastor neopentecostal em 1995. Este artigo entra na controvérsia tematizando questões que têm a ver com direitos e privilégios: liberdade religiosa e privilégios econômicos das igrejas, diversificação da pauta de serviços oferecidos pelas religiões e regulação estatal do mercado de serviços, controle público das organizações religiosas e defesa do consumidor religioso.
O Primeiro Ano do Governo Fernando Henrique Cardoso
O primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso foi marcado pela implementação do Plano Real, voltado para o combate à inflação. Os sucessos obtidos nesse terreno não asseguram, entretanto, a resolução de vários outros problemas econômicos, sem falar das importantes questões sociais presentes na sociedade brasileira. Os dilemas e alternativas de atuação do governo na área econômica, os aspectos políticos envolvidos e a situação do Brasil no novo contexto mundial são alguns dos temas presentes neste debate.
Debate / Discussion
O Primeiro Ano do Governo Fernando Henrique Cardoso
O Primeiro Ano do Governo Fernando Henrique Cardoso
A Teologia da Prosperidade consta entre as principais mudanças doutrinárias e axiológicas ocorridas no chamado neopentecostalismo, vertente pentecostal encabeçada pela controversa Igreja Universal do Reino de Deus. Defendendo que os cristãos, enquanto sócios de Deus ou financiadores da obra divina, estão destinados a ser prósperos, saudáveis, felizes e vitoriosos em todos os seus empreendimentos, esta teologia, oriunda dos EUA, derruba por terra o velho ascetismo pentecostal, prejudica a imagem pública deste grupo religioso e concorre para pôr em xeque a tese que vê afinidades entre o pentecostalismo e o “espírito do capitalismo”.
Este artigo faz uma revisão do crescimento econômico na América Latina, voltado para fora até 1930, voltado para dentro (para o mercado interno) e novamente para fora desde os anos 70. A partir da grande reviravolta do capital, a globalização entrou em nova etapa, da qual a América Latina esteve marginalizada nos anos 80. O autor examina também as alternativas para as sociedades latino-americanas diante do reajuste estrutural e desenvolve uma baseada na constituição e representação do interesse geral e na formação de um setor público gestor dos serviços sociais de acesso universal.
Este artigo apresenta uma proposta de reconstrução do sistema de Bretton Woods, partindo do pressuposto de que a economia mundial continua precisando dos benefícios que o sistema pretendia promover. São identificadas duas fontes de problemas na atuação dos organismos de Bretton Woods: de um lado, a confusão na prática do FMI entre a tarefa de manter a economia mundial em funcionamento na presença de problemas de balanço de pagamentos, e o trabalho de assistência a países em dificuldades; de outro lado, o caráter unitário e burocrático do FMI e do Banco Mundial. O autor opõe-se à idéia de evoluir do sistema atual para um Banco Central mundial, defendendo, ao contrário, a desagregação das tarefas e a multiplicação dos agentes. E propõe que o experimentalismo e o pluralismo tomem o lugar do dogma e da uniformidade característicos do sistema atual.
Este artigo procura demonstrar que todas as metáforas individualistas contrabandeiam, em algum momento, pressupostos societários para o interior da sua tentativa de reconstituir a sociedade a partir do indivíduo. Em primeiro lugar, o autor demonstra a impossibilidade lógico-teórica do pressuposto individualista que funda a idéia de escolha racional. Em seguida, nega a impossibilidade teórica das tentativas de atribuir ao mercado o fundamento da sua própria validade normativa. Por fim, aponta a incapacidade dos autores que defendem essa posição de perceberem uma outra dimensão na qual se baseia a política moderna que é o reconhecimento do outro enquanto um igual, isto é, um ser potencialmente portador de direitos generalizáveis.
Uma historiografia nacional informada pelas idéias M. Foucault situa no Império o começo do exercício do poder político pelos médicos brasileiros. O artigo discute essa tese e a interpretação que o conto “O alienista”, de Machado de Assis, tem recebido nesse marco teórico.
Crítica: Livros As duas resenhas a seguir referem-se ao livro “O passado de uma ilusão”, de François Furet (São Paulo: Siciliano, 1995, tradução de Roberto Leal Ferreira).