DOSSIÊ “CRIMES”, TERRITÓRIOS E SOCIABILIDADE: COMPARAÇÕES ENTRE RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO | Apresentação: Figurações da "guerra urbana": perspectivas Rio de Janeiro-São Paulo
Vera da Silva Telles
http://dx.doi.org/10.25091/S01013300201900030001
Violência — e violência urbana — é um tema aberto a controvérsias. Talvez melhor dizer: um termo que carrega uma polissemia, a depender dos contextos e lugares a partir dos quais o termo é mobilizado para nomear um problema a ser enfrentado. Nos termos de Michel Misse, violência é uma categoria de acusação, não um conceito.Representação de práticas muito variadas, o uso da palavra “violência” é também performático, enfatiza o autor, sempre convoca uma contraviolência e participa, portanto, do conflito que se quer investigar (Misse, 2009). É uma construção simbólica que constitui o que descreve, diz Luiz Antonio Machado da Silva em artigo que, publicado em 1993, iria pautar muitas das discussões que se seguiram no correr dos anos (Machado da Silva, 1993).
DOSSIÊ “CRIMES”, TERRITÓRIOS E SOCIABILIDADE: COMPARAÇÕES ENTRE RIO DE JANEIRO E SÃO PAULO | Apresentação: Figurações da "guerra urbana": perspectivas Rio de Janeiro-São Paulo
“CRIMES”, TERRITORIES AND SOCIABILITY: COMPARISONS BETWEEN RIO DE JANEIRO AND SÃO PAULO DOSSIER | Introduction: Figurations of the "Urban War": Rio de Janeiro-São Paulo Perspectives
(Des)continuidades na experiência de “vida sob cerco” e na “sociabilidade violenta”
Luiz Antonio Machado da Silva e Palloma Valle Menezes
http://dx.doi.org/10.25091/S01013300201900030005
Este trabalho se propõe a revisitar as noções de “vida sob cerco” e “sociabilidade violenta” a partir de pesquisas etnográficas realizadas na última década. O artigo analisa as transformações que a inauguração das Unidades de Polícia Pacificadora gerou na vida cotidiana de favelas cariocas e no chamado “mundo do crime”. Além disso, visa compreender o momento atual, investigando os efeitos da “crise” das UPPs e o “legado” da “pacificação”.
Crime, guerra e paz: dissenso político-cognitivo em tempos de extermínio
Daniel Veloso Hirata e Carolina Christoph Grillo
http://dx.doi.org/10.25091/S01013300201900030002
O artigo explora o dissenso político-cognitivo do conceito de “guerra” do ponto de vista específico do “crime” em São Paulo e no Rio de Janeiro. Explora essa perspectiva por meio de duas cenas descritivas que permitem aproximações das práticas criminais nas duas cidades. Para tanto, a análise versa sobre uma ética que ao mesmo tempo forja e move os “guerreiros” para os caminhos incertos do crime, da vida e da morte.
Por entre territórios visíveis e territórios invisibilizados: mercados ilícitos e cracolândias de São Paulo e Rio de Janeiro
Taniele Rui
http://dx.doi.org/10.25091/S01013300201900030004
Resultado de etnografia realizada em espaços de consumo e comércio de crack nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, entre 2009 e 2016, este artigo descreve diferentes conformações territoriais de regiões estigmatizadas como “cracolândias”. A partir da observação dos mercados criminais de cada cidade, são expostos eixos empíricos que permitem ensaiar correlações entre as dinâmicas de varejo e a produção dos territórios de consumo.
Espacializando a prisão: a conformação dos parques penitenciários em São Paulo e no Rio de Janeiro
Rafael Godoi, Fábio Araújo e Fábio Mallart
http://dx.doi.org/10.25091/S01013300201900030003
Se o parque penitenciário paulista se caracteriza pela dispersão de unidades pelo interior do estado, no Rio boa parte das prisões concentra-se em um único bairro da capital. Neste artigo, contrastamos esses arranjos heterogêneos, perseguindo diferenças e ressonâncias, e procurando jogar luz sobre as condições de possibilidade que sustentam a atual e reiterada aposta governamental na segregação carcerária.
As desigualdades seguem extremas no Brasil, em termos ab- solutos e de oportunidades. Para avançar será necessário investir mais na área social. Recursos viriam da eliminação de subsídios e impostos regressivos e de reformas da previdência e do Estado. Essas três fontes reduziriam diretamente a desigualdade e a incerteza macroeconômica. Conclui-se que distribuir e crescer são objetivos complementares e politicamente essenciais.
Este ensaio apresenta alguns dos resultados de uma pesquisa sobre os oficiais do Exército Brasileiro, patrocinada pela Capes, no âmbito do Edital Pró-Defesa. Trata-se de um survey nacional, cujo questionário foi enviado a 20.435 oficiais da ativa e possibilitou a construção de um banco de dados contendo as respostas de 2.423 entrevistados. Serão apresentadas as percepções desses oficiais acerca da instituição em que atuam e da democracia brasileira.
Same-Sex Marriage in the Brazilian Supreme Court: Legal Reasoning and the Risk of a Regressive Turn
Flavia Portella Püschel
http://dx.doi.org/10.25091/S01013300201900030008
This paper investigates how far the Brazilian Supreme Court has argumentatively committed itself to upholding same-sex marriage in the face of prospective restrictive legislation based on the reasoning the court used in its 2011 ruling about same-sex domestic partnerships. The paper concludes that the separation of litigation over domestic partnerships and marriage may have led to the risk of a regressive turn concerning gay rights on this matter.
Da orla à sala de jantar: gênero e domesticidade na bossa nova e na tropicália
Heloisa Pontes e Rafael do Nascimento Cesar
http://dx.doi.org/10.25091/s01013300201900030009
O artigo revisita a bossa nova e o tropicalismo por meio de uma dimensão até hoje pouco analisada: as relações entre modos de compor e modos de morar, com foco no entrelaçamento entre domesticidade, gênero e produção musical. Sustentado pelo pressuposto de que as casas envolvem a produção e a internalização de princípios hierárquicos, dispositivos classificatórios e mecanismos de subjetivação, atiçados e enredados pelos marcadores sociais de classe, gênero, geração e raça, o artigo analisa os apartamentos de Nara Leão e de Caetano Veloso. Amplia, assim, a compreensão dos vínculos da bossa nova com a experiência urbana no Rio de Janeiro e do tropicalismo com a dinâmica cultural e urbana de São Paulo.
Santídio Pereira
1996, Curral Comprido – PI
Residente em São Paulo
Santídio Pereira nasceu em Curral Comprido, povoado próximo a cidade de Isaísas Coelho, no estado do Piauí, em 23 de outubro de 1996. Ainda criança, muda-se para São Paulo, para morar com sua mãe, nos arredores do Ceagesp, maior mercado público da América Latina, onde mais tarde passa a trabalhar.
Por volta dos 8 anos de idade, começa a frequentar o Instituto Acaia, uma organização social sem fins lucrativos, que acolhe e oferece atividades socioeducativas a crianças, adolescentes e suas famílias. Pelo Ateliê Acaia, Santidio realiza atividades artísticas, destacando-se sobretudo nas oficinas de desenho e xilogravura sob orientação do xilogravador Fabrício Lopez.
A característica mais marcante de seu trabalho se encontra no uso de diversas matrizes para a composição de uma obra única, subvertendo assim a característica de reprodutibilidade existente na linguagem da gravura. Camadas espessas de tintas agrupadas por impressões sobrepostas revelam paisagens, pessoas, animais e memórias afetivas.
Interessado em expandir seus conhecimentos sobre o universo da arte, começa a frequentar as aulas livres de historia da arte ministradas pelo crítico e curador de arte Rodrigo Naves, que se encanta pelo trabalho do jovem gravador e assina a curadoria de sua primeira exposição individual, na Galeria Estação, em 2016.