Os atentados aos Estados Unidos de 11 de setembro de 2001 e algumas análises sobre o evento publicadas na mídia nacional e internacional são aqui abordados sob uma perspectiva antropológica. Mediante uma visão comparativa entre os mundos islâmico e norte-americano, o autor busca interpretar as alianças, tanto matrimoniais como entre Estados, segmentos e facções, como “fatos sociais totais”. No âmbito islâmico, essas alianças seriam regidas pela lógica hierárquica da dádiva, e no caso dos Estados Unidos, por estratégias de cunho capitalista.
O artigo aborda as principais questões envolvidas nas recentes negociações sobre o tempo de trabalho na França, inserindo-as no âmbito mais amplo do debate da sociologia do trabalho. A ênfase recai na lei sobre a redução do tempo de trabalho e nas modalidades de tempo parcial, entre as quais a proposta dos mercados transicionais. Procura-se fugir da perspectiva antinômica “flexibilidade versus regulação”, expondo as facetas de um debate ainda aberto, sobre o pleno emprego e os seus limites. Pretende-se mostrar, em última análise, que a abordagem do mercado de trabalho está necessariamente articulada aos aspectos mais gerais das relações industriais em um determinado sistema nacional de emprego.
A Ronda da Pobreza: Violência e Morte na Solidariedade
O artigo aborda a questão da violência era bairros pobres da cidade de São Paulo, estabelecendo conexões entre o modo como a população da periferia é integrada à estrutura social e sua desmedida experiência com a violência. A precariedade dessa integração suscita a elaboração de estratégias para contornar as crises de um modo de vida vulnerável, notadamente a partir de intensos laços na família e com a comunidade. Desta forma, porém, promove-se uma situação contraditória em que os arranjos, que deveriam proteger contra as crises, terminam por intensificá-las, o que se reflete nos alarmantes índices de violência.
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A Ronda da Pobreza: Violência e Morte na Solidariedade
A Ronda da Pobreza: Violência e Morte na Solidariedade
Neste discurso proferido por ocasião do recebimento do título de professora emérita da USP, a homenageada faz um balanço de suas posições acerca dos problemas que envolvem o ensino superior no Brasil, analisando-os em face do contexto educacional internacional. São abordados aspectos como as limitações do modelo das universidades multifuncionais e gratuitas para responder às demandas da atual realidade educacional brasileira; a crise e a irracionalidade do sistema de financiamento das universidades públicas; a questão da democratização interna das universidades, que com freqüência se confunde com o mito da “comunidade universitária”.
Argentina: Autoridade Política Debilitada e Presença Cidadã de Rumo Incerto
Ao analisar os diversos elementos que configuram a atual situação de crise na Argentina, o autor argumenta que seu aspecto mais agudo é a profunda desorganização da representação política e dos laços sociais. A continuada mobilização de protesto contra o governo e as instituições públicas, inédita e heterogênea, constituiria sobretudo um fator de questionamento da legitimidade da autoridade política, ademais sob a perda de soberania nacional resultante da vulnerabilidade externa. A recomposição da situação demandaria assim a reabilitação dos laços de representação a fim de assegurar a produtividade política da sociedade mobilizada e a emergência de novos atores políticos, bem como a renovação das forças políticas tradicionais.
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Argentina: Autoridade Política Debilitada e Presença Cidadã de Rumo Incerto
Argentina: Autoridade Política Debilitada e Presença Cidadã de Rumo Incerto
Ciência Incompreensível - Problemas de uma Linguagem Própria à Teoria
Deve a ciência ser eminentemente compreensível? Quais os parâmetros da boa e da adequada compreensibilidade dos textos científicos? Como se relaciona a compreensibilidade do objeto com a forma de sua apresentação? Quais os limites de compreensibilidade a que devem se ater os cientistas? Como se situa a produção sociológica nessa questão? Essas são as indagações que movem o presente texto, reprodução de uma conferência feita pelo autor em Wolfenbüttel, Alemanha, no final da década de 1970.
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Ciência Incompreensível - Problemas de uma Linguagem Própria à Teoria
Ciência Incompreensível - Problemas de uma Linguagem Própria à Teoria
Crítica: Arquitetura Projeto de arquitetura e restauro do Centro Universitário Maria Antonia. São Paulo: Una Arquitetos (Cristiane Muniz, Fábio Valentim, Fernanda Barbara, Fernando Viégas), 2000-2001.
A obra do artista alemão Kurt Schwitters, que tem lugar na primeira metade do século XX, é aqui analisada como uma poética moderna em consonância com a visão do domínio estético elaborada pelo poeta-filósofo romântico Novalis em Os discípulos de Saïs, em que a criação poética é abordada como modo de apreensão do mundo. A autora enfoca a obra mais significativa do conceito de arte de Schwitters, Merzbau, construída progressivamente entre 1923 e 1937 em sua casa-ateliê em Hannover, com madeira, gesso e objetos recolhidos pelo artista.
O autor argumenta que em meio à efervescência dos movimentos de oposição ao iníquo desenvolvimento espaço-temporal do capitalismo é preciso reavaliar conceitos, instituições e práticas nesse âmbito, criando-se uma poética própria para a melhor compreensão da vida urbana no século XXI. Assim, ele discute e refuta uma série de mitos em torno de questões como crescimento populacional nas cidades; processos sociais; tecnologia; desenho urbano; urbanismo mercadófilo; globalização e autonomia local; ação da sociedade civil; relações sociais e revolução; heterogeneidade social e tensões; ambiente construído e ambiente natural.
O autor argumenta que os resultados das eleições de 2002 na França traduzem o fim de um ciclo de esquerda iniciado em 1981, com Mitterrand, e a decomposição da Quinta República, sistema institucional vigente no país desde 1958. Analisam-se assim os processos políticos recentes que conduziram à desarticulação e à derrota das forças de esquerda e a condição paradoxal criada com a vitória da direita “gaullista”, que assume as principais instâncias do poder político do país sem um apoio franco do eleitorado, mas mediante um amplo voto republicano de rejeição à extrema-direita.
A imputação de responsabilidade possui uma estrutura formal e uma função social das quais decorre sua codificação binária, observando-se hoje a tendência de imputação não mais a estruturas supraindividuais (à sociedade, à natureza, ao destino), mas a indivíduos. Tal mudança traz conseqüências ambivalentes, pois implica o alargamento ou o estreitamento dos espaços de liberdade do indivíduo. A fim de evitar o risco de imputação ilimitada – argumenta o autor -, os cidadãos devem atentar de maneira reflexiva para o conceito de responsabilidade e os critérios e regras de imputação, assumindo responsabilidade por sua responsabilização.
Sedições, Haitianismo e Conexões no Brasil: Outras Margens do Atlântico Negro
Este artigo busca refletir sobre o movimento transatlântico de circulação de idéias e experiências libertárias em torno de eventos de sedições, rumores de insurreições escravas e imagens de “haitianismo” no Brasil escravista. Com base em pesquisas arquivísticas em acervos diversos, em hipóteses históricas e em estudos recentes sobre o tema, aborda-se numa perspectiva internacionalista o agenciamento de escravos, africanos, libertos, crioulos, marinheiros e outros setores sociais na construção e disseminação das idéias de liberdade.
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Sedições, Haitianismo e Conexões no Brasil: Outras Margens do Atlântico Negro
Sedições, Haitianismo e Conexões no Brasil: Outras Margens do Atlântico Negro
Viver em Risco - Sobre a Vulnerabilidade no Brasil Urbano
O propósito deste artigo é analisar a vulnerabilidade socioeconômica e civil no atual Brasil urbano. Para tanto, retoma a polêmica latino-americana dos anos 1970 acerca da teoria da marginalidade e da dependência e discute, fundamentalmente com apoio na literatura francesa, os conceitos de exclusão e desfiliação. Inserindo-se no amplo debate sobre a efetivação de direitos básicos, que constitui um dos pontos-chave da questão social brasileira, o autor introduz elementos teóricos e empíricos para examinar o processo de “descidadanização”.
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Viver em Risco - Sobre a Vulnerabilidade no Brasil Urbano
Viver em Risco - Sobre a Vulnerabilidade no Brasil Urbano