Neste debate, representantes de diversos segmentos do ensino superior brasileiro discutem a origem e a natureza da crise do sistema universitário do país, bem como analisam as várias propostas e as condições político-institucionais para uma reforma deste sistema. Examina-se de vários pontos de vista a forma com que o governo federal vem encaminhando a questão, no que diz respeito aos recursos orçamentários, ao sistema de avaliação das instituições de ensino superior e à expansão do setor privado no campo educacional.
Do ponto de vista da construção democrática, as profundas tensões entre a moralidade privada e a moralidade pública não se resolvem pela sobreposição de uma à outra, mas pela eleição de valores de sociabilidade que funcionem como crivo para a escolha e avaliação de condutas. Tais valores retiram sua legitimidade do próprio projeto democrático. O artigo focaliza o prestígio desfrutado pelos economistas e comentaristas econômicos e o modo pelo qual se valem de supostos imperativos técnicos para fugir às proposições da razão prática e da ética pública. Para ações moralmente responsáveis, tanto privadas como públicas, importa menos a intenção moralista de garantir um “bom governo” do que a criação de padrões de convívio que conduzam à formação da boa sociedade.
O Primeiro Turno da Eleição para Prefeito de São Paulo
Com base nos resultados das eleições para prefeito da cidade de São Paulo em 1996, este artigo atualiza a geografia do voto apresentada em artigo anterior, publicado nesta revista (nº 45), e acrescenta informações sobre o perfil social das preferências do eleitor na cidade.
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O Primeiro Turno da Eleição para Prefeito de São Paulo
O Primeiro Turno da Eleição para Prefeito de São Paulo
A análise dos escritos de José Bonifácio permite identificar a formulação de um projeto de nação coerente e global, que implicava a implementação de reformas radicais na sociedade escravista. Influenciado pela Ilustração francesa e membro da burocracia lusitana, Bonifácio idealizou uma nação moderna na América, segundo os padrões da civilização européia. Integrante da elite econômica e política, procurou convencer seus pares da urgência de reformas que promovessem a homogeneidade cultural, racial e do estatuto civil e político da população, a fim de viabilizar a nação e constituir uma identidade nacional, com ordem interna e desenvolvimento econômico, em benefício da própria elite. Descrente da capacidade política dos demais setores, Bonifácio elegeu como interlocutora uma elite pouco disposta a sacrificar interesses imediatos, e acabou, assim, silenciado.
Oralidade e Cinema na África: Yaaba, um Caso Exemplar
O cinema africano francófono recente tem se destacado pelo uso original que faz das tradições orais locais. A partir dos exemplos pioneiros do Senegal (Ousmane Sembène) e do Mali (Souleymane Cissé), e graças aos programas franceses de financiamento, uma nova geração de cineastas vem se desenvolvendo, dando provas de um estilo próprio e vigoroso. O caso de Idrissa Ouédraogo, de Burkina Faso, é o mais notável. Tendo atingido uma maturidade que o coloca junto aos grandes cineastas do mundo, ele é autor de pelo menos três obras-primas, das quais uma é analisada: Yaaba.
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Oralidade e Cinema na África: Yaaba, um Caso Exemplar
Oralidade e Cinema na África: Yaaba, um Caso Exemplar
O autor discute em dimensão comparativa os limites dos movimentos sociais e do sindicalismo europeus. Ao analisar as mobilizações de maio de 1968 e dezembro de 1995 na França e o recente acordo trabalhista alemão, ele conclui pela ausência em todos de uma crítica efetiva da sociabilidade da forma-mercadoria e, portanto, de qualquer transcendência do mundo burguês. Da erspectiva estudantil, o Maio de 68 teria sido revolucionário apenas a forma, mas não no conteúdo, e do ponto de vista trabalhista não foi capaz de ir além de um reformismo circunscrito aos limites da socialização pela mercadoria. O Dezembro de 1995 foi na verdade um embate em defesa da ordem keynesiana do pós-guerra em face da ofensiva neoliberal do governo Chirac. Na Alemanha de hoje, o movimento sindical, despregado dos movimentos sociais, se rende pacificamente à transição da ordem keynesiana para a ordem monetarista neoliberal. Conclui pela necessidade de retomada de um pensamento crítico que aponte para a superação em seus fundamentos da ordem burguesa.
Crítica: Livro “Um governo de esquerda para todos: Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo (1989-1992)”, de Paul Singer. São Paulo: Brasiliense, 1996.
O artigo analisa os efeitos da reorganização produtiva sobre as relações de trabalho no segmento automobilístico dos países avançados, nos anos 80, a partir das experiências de implantação de projetos industriais pela Fiat e a Renault. A preocupação central volta-se para as novas relações de poder que se estabelecem entre capital e trabalho. A análise da configuração dessas novas relações permite avaliar a emergência efetiva de um novo modelo produtivo e de seu padrão de relações de trabalho neste final de século.
O artigo examina a volatilidade eleitoral na cidade de São Paulo no período 1985-92. São descritas as principais hipóteses sobre a mudança eleitoral nas democracias européias e americana, bem como a metodologia para o cálculo da volatilidade das preferências eleitorais. Após adaptar estes critérios para o contexto brasileiro e paulistano, foi possível verificar que os mais altos índices de volatilidade encontram-se, ao contrário do que se poderia esperar, entre os eleitores teoricamente mais bem informados e educados. O autor levanta a hipótese de que este tipo de comportamento e os efeitos dos meios de comunicação de massa nas campanhas eleitorais podem levar o sistema partidário brasileiro a uma evolução diferente daquela preconizada pelos modelos clássicos da ciência política, baseados na clivagem social.