A Nova Face da Indústria Automobilística Brasileira
Tendo por base um amplo balanço da literatura recente sobre o tema, o artigo identifica um processo de convergência fraca de padrões tecnológicos e de gestão na indústria automobilística brasileira na década de 1990. A inspiração geral da convergência é a produção enxuta, mas esta deu origem a modelos concorrentes de organização, fruto de sua adaptação por tentativa e erro em ambientes altamente complexos, dependentes das histórias pregressas de plantas e companhias, de relações industriais consolidadas e entornos sociais relativamente imprevisíveis.
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A Nova Face da Indústria Automobilística Brasileira
A Nova Face da Indústria Automobilística Brasileira
O artigo analisa a trajetória das principais forças políticas na Argentina desde o fim do regime militar e o papel que desempenharam em face dos problemas postos pelo processo de democratização, com ênfase na ação política sustentada a partir do campo intelectual progressista. Ao definir a crise que vem assolando o país como uma situação-limite, a autora identifica o desdobramento de cisões econômicas e culturais em um ambiente geral de enclausuramento, sintomático da erosão do quadro que definia a identidade nacional em torno de princípios assentados num Estado social programático.
As Desmedidas da Vênus Negra: Gênero e Raça na História da Ciência
O artigo é uma revisão das abordagens de quatro autores sobre um episódio do início do século XIX que até hoje instiga controvérsias: o caso da “Vênus Hotentote”. Foi com esse epíteto que uma mulher sul-africana de nome original ignorado, cujas nádegas teriam proporções descomunais, ganhou celebridade no mundo do entretenimento de Londres e Paris e teve seu corpo convertido em objeto de estudo de eminentes cientistas franceses empenhados em classificar grupos humanos. Ao considerar os aspectos contextuais como constituintes da prática e do conhecimento científicos, a autora revela-lhes um notável viés racista e sexista.
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As Desmedidas da Vênus Negra: Gênero e Raça na História da Ciência
As Desmedidas da Vênus Negra: Gênero e Raça na História da Ciência
Crítica: Livros “Centralidade em São Paulo: trajetórias, conflitos e negociações na metrópole”, de Heitor Frúgoli Jr. São Paulo: Cortez/Edusp, 2000, 264 pp.
Examinam-se neste artigo a expressão “democracia racial” e sua disseminação. Argumenta-se que ela foi usada nos anos 1950 por ativistas negros, políticos e intelectuais para designar um ideal de convivência inter-racial e um compromisso político de inclusão do negro na modernidade brasileira do pós-guerra – compromisso rompido a partir do regime militar instalado em 1964. A denúncia da democracia racial como mito dá-se, portanto, no contexto das críticas à democracia política como farsa, e nos anos 1980 torna-se a principal arma ideológica dos negros para ampliar sua participação na sociedade brasileira.
Sob o pressuposto de que os trabalhos que procuram definir o processo contemporâneo da globalização constituiriam sobretudo apropriações ideológicas do tema, o autor explora cinco níveis distintos desse processo – tecnológico, político, cultural, econômico e social -, com o objetivo de demonstrar sua coesão intrínseca e estabelecer as possibilidades de uma política de resistência. Sua conclusão principal é que as propostas puramente econômicas de resistência à globalização devem se orientar por uma perspectiva sobretudo social, buscando preservar formas de coesão coletiva.
O artigo busca analisar o tema do dualismo ameríndio tal como foi tratado no conjunto da obra do antropólogo Claude Lévi-Strauss. Ao se voltar à etnografia do continente americano em um dos seus últimos livros, História de Lince (1991), o autor retomou cruciais temas etnológicos, teóricos e epistemológicos presentes de formas diversas em seus outros escritos. Assim, o princípio dualista vislumbrado na organização social e na mitologia daquelas sociedades remete a uma reflexão sobre as bases de um pensamento ameríndio e os alcances da análise estrutural.
O artigo aborda a difusa superposição entre obras literárias e de política no catálogo da Livraria Schmidt, editora atuante no início dos anos 1930, no Rio de Janeiro. Com ferramentas da antropologia histórica, da sociologia da cultura e da história do livro, busca-se investigar que condições reuniu o editor Augusto Frederico Schmidt para desempenhar o papel de articulador e difusor de personagens de peso na construção da esfera pública brasileira, examinando-se as características do campo da produção, circulação e consumo de obras impressas na época.
Este artigo ocupa-se d’O Inominável, volume final da trilogia beckettiana do pós-guerra, incluindo ainda Molloy e Malone morre, em que o autor irlandês corta a cabeça bem pensante do narrador em primeira pessoa, figura-chave no romance moderno, e exibe os despojos dessa talking head fantasmagórica em praça pública. Sem um exame minucioso da radicalidade desse processo e do impasse necessário a que conduziu, não há mapa possível da narrativa moderna.
O Mito, a Mídia, a Cena Doméstica e a Cidade em "Boca de Ouro", de Nelson Pereira dos Santos
O artigo analisa o filme Boca de Ouro (1962), de Nelson Pereira dos Santos, adaptação da peça homônima de Nelson Rodrigues (1958). Dá-se ênfase às tensões entre a perspectiva do cineasta, o ideário do Cinema Novo e a estrutura da peça, que se traduzem na forma de compor a experiência das figuras populares que cercam o bicheiro. O filme dá nova inflexão ao tema do ressentimento e, explorando as expansões do cinema pelo espaço da cidade, desloca os termos da equação que envolve a figura mítica do “Boca de Ouro”, o imaginário da mídia e o drama de família.
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O Mito, a Mídia, a Cena Doméstica e a Cidade em "Boca de Ouro", de Nelson Pereira dos Santos
O Mito, a Mídia, a Cena Doméstica e a Cidade em "Boca de Ouro", de Nelson Pereira dos Santos
Crítica: Livros “Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo”, de Teresa Pires do Rio Caldeira. São Paulo: Edusp/Editora 34, 2000, 400 pp.
Poder Executivo e Reforma da Previdência na América Latina
O artigo analisa os processos de elaboração de projetos governamentais de reforma da previdência na Argentina, Uruguai e Brasil nos anos 1990, considerando em cada país as condições da conjuntura econômica e do sistema previdenciário, bem como as características do Poder Executivo. O objetivo da análise é investigar se é possível, em face dos constrangimentos impostos pelas duas primeiras condições, estabelecer uma relação entre a natureza – incremental, mista ou radical – desses projetos e a distribuição de poder entre os diversos atores estatais.
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Poder Executivo e Reforma da Previdência na América Latina
Poder Executivo e Reforma da Previdência na América Latina
Crítica: Livros “Israel, terra em transe. Democracia ou teocracia?”, de Guila Flint e Bila Grin Sorj. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, 352 pp.