A Governabilidade Democrática na Nova Ordem Econômica
Na década de 90, a maioria dos países latino-americanos se alinhou ao Consenso de Washington e realizou a liberalização econômica e financeira sem nenhuma política de reestruturação de longo prazo, adotando uma estratégia de “ajuste passivo”. Partindo dessa constatação, o autor discute o impacto do funcionamento de um mercado desregulado e internacionalizado sobre uma sociedade tão desigual como a brasileira.
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A Governabilidade Democrática na Nova Ordem Econômica
A Governabilidade Democrática na Nova Ordem Econômica
A Política Brasileira de Ciência e Tecnologia de 1970 a 1990
O esgotamento do modelo de industrialização brasileiro e a necessidade de renovar e ampliar a base tecnológica são evidenciados pelo declínio da taxa de crescimento econômico e da produtividade ou na natureza da pauta de exportações do país. A retomada do crescimento exige um esforço de modernização da base tecnológica, de ampliação e fortalecimento da capacidade inovadora das empresas. Este artigo analisa as novas tendências e as mudanças que estão condicionando as redefinições da política brasileira de desenvolvimento científico e tecnológico adotada na última década. Para o autor, ao longo dos anos 80, o processo decisório, o ambiente institucional, os objetivos e os meios de financiamento da política de C&T foram marcados por mudanças nem sempre positivas.
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A Política Brasileira de Ciência e Tecnologia de 1970 a 1990
A Política Brasileira de Ciência e Tecnologia de 1970 a 1990
Discriminação Racial e Justiça Criminal em São Paulo
Este texto se baseia em pesquisa cujos principais objetivos foram identificar, caracterizar e explicar as causas do acesso diferencial de brancos e negros à justiça criminal em São Paulo, mediante análise da distribuição das sentenças judiciais para crimes de idêntica natureza cometidos por ambas as categorias de réus. Foram pesquisados os crimes violentos julgados no município de São Paulo, no ano de 1990, caracterizando-se as ocorrências criminais, o perfil social de vítimas e de agressores e o desfecho processual. Os principais resultados indicaram que brancos e negros cometem crimes violentos em idênticas proporções, mas os réus negros tendem a ser mais perseguidos pela vigilância policial, enfrentam maiores obstáculos de acesso à justiça criminal e revelam maiores dificuldades de usufruir do direito de ampla defesa assegurado pelas normas constitucionais. Em decorrência, tendem a receber um tratamento penal mais rigoroso, representado pela maior probabilidade de serem punidos comparativamente aos réus brancos. Tudo indica, por conseguinte, que a cor é poderoso instrumento de discriminação na distribuição da justiça.
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Discriminação Racial e Justiça Criminal em São Paulo
Discriminação Racial e Justiça Criminal em São Paulo
Crítica: Livros Benjamin Coriat. “Pensar pelo avesso: o modelo japonês de trabalho e organização”. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ/Revan, 1994, 209 pp.
O Estado-Nação Europeu Frente aos Desafios da Globalização
O surgimento do Estado-nação propiciou uma base sobre a qual pôde se articular e institucionalizar a idéia republicana de comunidade. Hoje, porém, todos vivem em sociedades pluralistas que se afastam muito da concepção de um Estado-nação fundado numa população relativamente homogênea. Diante da enorme diversidade das formas culturais de vida, dos grupos étnicos, das visões de mundo e das religiões, o Estado-nação não pode mais fornecer a base apropriada para a manutenção da cidadania democrática no futuro que se anuncia. Este artigo aponta a necessidade de salvar a herança republicana, mesmo que seja transcendendo os limites do Estado-nação, e vê a emergência de regimes supranacionais, como a União Européia, como uma das maneiras de escapar ao impasse.
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O Estado-Nação Europeu Frente aos Desafios da Globalização
O Estado-Nação Europeu Frente aos Desafios da Globalização
O Presente como História: Escrever Sobre a História de Seu Próprio Tempo
Nesta conferência, apresentada no Museu de Arte de São Paulo quando de sua visita ao Brasil no mês de agosto deste ano o historiador Eric Hobsbawm discute as principais dificuldades que encontrou ao escrever seu mais recente livro, A era dos extremos. Ao lidar com a história do século XX Hobsbawm deparou com o fato de estar tratando da história que ele próprio acompanhou ao longo de sua vida. Essa proximidade entre o período analisado e sua história pessoal é o pano de fundo para a discussão de alguns problemas que qualquer historiador enfrenta ao escrever sobre seu próprio tempo.
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O Presente como História: Escrever Sobre a História de Seu Próprio Tempo
O Presente como História: Escrever Sobre a História de Seu Próprio Tempo
Equipamentos e tecnologia são menos determinantes que os arranjos estabelecidos para seu uso em combate, que a capacidade de usá-los e levar subordinados a usá-los e, principalmente, que a capacidade do conjunto da força para sustentar a guerra, coordenar suas ações, dar e receber ordens e cumpri-las. Para sustentar essa tese, os autores expõem os problemas típicos da guerra industrial, manifestados nos impasses que se constituíram na I Guerra Mundial; e, em seguida, examinam as alternativas a esses impasses e seu emprego na Campanha da França, em 1940, e na Guerra do Golfo, em 1991. O artigo sugere também alguns parâmetros para uma reorganização das Forças Armadas brasileiras.
Este artigo contribui para uma sociologia comparativa da desigualdade urbana e da exclusão etnorracial e de classe por meio de uma análise contextualizada das estruturas mentais e sociais da imobilidade e ostracização na banlieue operária parisiense e no gueto afroamericano de Chicago. Na primeira parte, a análise do estigma associado ao fato de se residir em áreas reconhecidas publicamente como “locais de despejo” para pessoas pobres e famílias socialmente descendentes revela a desapropriação simbólica que transforma seus moradores em proscritos urbanos. A segunda parte trata das divisões sociais e das bases do conflito existente nesses bairros e identifica alguns fatores responsáveis por uma consciência racial dicotômica no Cinturão Negro americano e pela fraqueza das distinções etnorraciais no Cinturão Vermelho francês, a despeito de sua proliferação discursiva na esfera pública. A comparação sugere que a segregação racial, especialmente quando tolerada ou reforçada pelo Estado, radicaliza a realidade objetiva e subjetiva da exclusão urbana.
A trajetória de Benedita da Silva constitui-se num caso singular na vida política brasileira. Negra e favelada, ela foi eleita duas vezes deputada federal, perdeu por pouco uma eleição para a prefeitura do Rio de Janeiro e é a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira no Senado. Nesta entrevista, Benedita da Silva aborda principalmente a questão racial, discutindo aspectos como o voto étnico, a presença dos negros na mídia e o movimento negro no Brasil.
Os brasileiros imaginam que vivem numa sociedade onde não há discriminação racial. O autor aponta as vinculações desse tipo de interpretação a uma problemática social européia e norteamericana já superada, embora ainda predominante no Brasil. Ele procura também demonstrar que a linguagem de classe e de cor no Brasil sempre foi usada de modo racializado, “naturalizando” desigualdades que poderiam comprometer uma imagem do país como uma democracia racial.
Concentrado em poucos procedimentos formais, que se apresentam, quase sempre, à maneira de enigmáticos jogos de linguagem, o trabalho de Mira Schendel (Zurique, 1919 – São Paulo, 1988) frequentemente deu margem a que se o considerasse pelo viés de um essencialismo místico ou de uma afinidade com as linhagens conceituais. O texto procura demonstrar, entretanto, que tal essencialismo – modo sistemático, na verdade, pelo qual a artista buscou interrogar os limites de uma esfera pessoal no mundo contemporâneo – é ponto de chegada e não pressuposto do trabalho. Neste sentido, os percalços do trabalho em direção à constituição desta esfera pessoal envolverão incessantemente a possibilidade de vêla generalizada e encarnada numa forma, digamos assim, materialista – aí residiria, conforme o texto busca assinalar, a originalidade da obra de Mira Schendel.
A câmara automotiva impulsionou decisivamente a recuperação setorial da indústria, com impacto sobre o conjunto da economia brasileira. Decidindo com base no consenso, a câmara conformou-se – ainda que parcialmente – como um espaço paradigmático de diálogo, elaboração e implementação de políticas industriais. O seu caráter tripartite, que contou com a participação do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, símbolo da CUT, marcou um momento novo nas relações entre empresas, sindicatos de trabalhadores e Estado, através de um jogo diferente do soma zero e da redução da taxa de conflitos. Depois de um período virtuoso, a ação governamental vem drenando seu poder de interferência na definição de políticas industriais. Mesmo assim, sua experiência indica que é possível a transformação negociada das relações de trabalho e uma definição democrática de políticas industriais em nosso país. O dilema é que o desempenho governamental parece estar apontando para uma estratégia de recusa da concertação, com impacto sobre as formas de convivência democráticas construídas nos últimos anos.
Wittgenstein e a Racionalidade no Mundo Contemporâneo
Um livro vale pelo debate que ele provoca e Apresentação do mundo se propõe a manter um diálogo muito peculiar com aqueles que, de uma maneira ou de outra, procuram entender a questão da racionalidade no mundo contemporâneo. Balthazar Barbosa vê no livro os problemas apresentados por Wittgenstein a partir do Tratactus e os confronta com o desenvolvimento que o livro traz para as pesquisas do segundo Wittgenstein. Luiz Henrique quer desde logo continuar a projeção que Giannotti faz do segundo Wittgenstein para a lógica do social. Bento Prado remonta os problemas à tradição fenomenológica e João Vergílio procura compreender as dificuldades da diferença entre apresentação e representação. Ao responder a seus críticos Giannotti acaba por localizar melhor a importância que dá a este seu novo livro.
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Wittgenstein e a Racionalidade no Mundo Contemporâneo
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