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Cinema e política em questão: Black-Tie | Mistificando como antigamente | Black-tie: em defesa
Mauricio Segall e Luiz Israel Febrot
Black-Tie em discussão
Luiz Izrael Febrot, Maurício Segall
Só mesmo uma razoável dose de irritação me levaria a perturbar um evento cultural nosso, sobretudo em cinema e teatro, cujas vicissitudes são do conhecimento público. Mas, como a fita “Eles Não Usam Black-Tie” já deu na bilheteria o que tinha que dar, e como não tenho a pretensão de ”fazer a cabeça” das pessoas e, finalmente, porque discordo radicalmente de algumas colocações da fita, aceitei o convite para escrever este artigo, pressupondo que o leitor já tenha assistido a ela. Não se trata de uma crítica, para o que seria incompetente, mas sim uma espécie de denúncia do que eu considero ser uma manipulação e/ou mistificação política.
Resumo
O fato é que se a peça Black-Tie, escrita em 1955 e estreada em 1958, representou um marco da dramaturgia nacional, a fita Black-Tie não é um marco da nossa cinematografia. E se é certo que Gianfrancesco Guarnieri cresceu a partir desta sua primeira peça escrita aos 21 anos de idade e nos deu, entre outras, a madura A Semente, Leon Hirszman nem de longe, a meu ver, consegue atingir o nível de suas fitas anteriores, como por exemplo São Bernardo, baseado na obra de Graciliano Ramos. Por outro lado, no entanto, a fita tem obtido um razoável sucesso de público. No caso, creio que a explicação não é complicada. Entre outras razões, me parece, em primeiro lugar, que ela é correta e seu artesanato e carpintaria estão à altura do talento e experiência do seu diretor e, portanto, “funciona”.