A Falecida e o realismo: a contrapelo, de Leon Hirszman
“A Falecida” e o realismo, a contrapelo, de Leon Hirszman
Esta análise de A Falecida, filme dirigido por Leon Hirszman em 1965, destaca seus traços de estilo (sobriedade, minimização dos “golpes de teatro”, lentidão à revelia da agilidade do texto) como expressão do ponto de vista do cineasta sobre o ressentimento, a vingança e a programação da morte, tópicos de Nelson Rodrigues que têm no filme uma versão contundente, em sua lida com os conflitos entre moral e desejo. A contragosto do escritor, Leon opta pelo sério-dramático e se apóia num estilo marcante de câmera para construir, pela observação do rosto, uma visão interna da experiência dos protagonistas. Tal leitura recusa a tendência à desqualificação geral do mundo das personagens, própria às versões tragicômicas de Nelson Rodrigues. Na busca de um drama realista, o filme se afasta seja do puro sarcasmo como esquema de observação, seja de um moralismo fatalista e conservador.
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A Falecida e o realismo: a contrapelo, de Leon Hirszman
A Derrota da Vitória: A Contradição do Absolutismo de FHC
o autor sustenta que a ideologia e o programa neoliberais, que de fato o definiriam, não são antiestatistas nem conduzem ao primado do mercado. Ao contrário, sua lógica implícita, eminentemente política, se caracterizaria pela imposição autoritária da vontade do Executivo sobre as demais formas de representação política e especialmente pela anulação da sociedade civil.
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A Derrota da Vitória: A Contradição do Absolutismo de FHC
A Derrota da Vitória: A Contradição do Absolutismo de FHC
O artigo situa criticamente o governo Fernando Henrique Cardoso no contexto mais geral das duas últimas décadas, em que a social- democracia teria assumido direta ou indiretamente a responsabilidade pelos ajustes econômicos estruturais reclamados pela direita. Procura refutar quatro teses esgrimidas a favor do atual governo, de que o encolhimento do Estado permitirá melhoria nos indicadores sociais, as privatizações e a desregulaçâo da economia aliviarão a dívida pública, o atual modelo subordinado de inserção internacional é o único disponível e de que este seja um governo social-democrata.
Adeus à CLT? O Eterno Sistema Corporativo de Relações de Trabalho no Brasil
muitos de seus aspectos, apesar das grandes alterações ocorridas na base econômica e na estrutura social do país. As características, causas e efeitos dessa permanência são abordados no artigo a partir de uma perspectiva histórica, bem como discutidos em face das mudanças estruturais nas relações de trabalho nos anos 90, que concorrem para sua heterogeneidade, destacando-se os sinais recentes de acomodação dos atores sociais à estrutura sindical corporativa.
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Adeus à CLT? O Eterno Sistema Corporativo de Relações de Trabalho no Brasil
Adeus à CLT? O Eterno Sistema Corporativo de Relações de Trabalho no Brasil
Do Diário de Sísifo: Obstáculos Econômicos à Democracia Sustentável
Este artigo compõe-se de duas partes complementares. Na primeira, o autor combate o argumento, generalizadamente empregado pelos membros do atual governo brasileiro, de que a política econômica adotada, embora socialmente custosa, é inevitável e de que, não fosse por ela, o quadro nacional seria ainda pior. No desenvolvimento de sua análise, lança mão de um arcabouço conceitual que busca desmontar as premissas subjacentes ao discurso governamental, as quais qualifica de contrafactuais. Toda a segunda parte do artigo, em quatro seções, é destinada ao desenvolvimento teórico dos argumentos apresentados na primeira parte.
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Do Diário de Sísifo: Obstáculos Econômicos à Democracia Sustentável
Do Diário de Sísifo: Obstáculos Econômicos à Democracia Sustentável
O artigo trata dos processos de reforma do Estado no Brasil, definindo-os como coerentes com os novos paradigmas político-ideológicos vigentes nos grandes Estados ocidentais. A “onda rosa”, como tais paradigmas vêm sendo chamados, consistiria no reconhecimento da inevitabilidade do mercado como agente alocador de recursos e, dadas as suas imperfeições, no caráter imperativo da ação pública (mas não necessariamente estatal) para a redistribuição de rendas e o bem-estar social. Propugna-se que a reforma do Estado brasileiro, tradicionalmente centralizador e voltado a interesses particularistas, tenha por princípio orientador a universalização do acesso aos serviços sociais básicos mediante a racionalização e democratização dos recursos e órgãos públicos.
As tensões sociais historicamente geradas pela desorganização do mercado de trabalho criaram, desde a independência brasileira, uma ideologia de integração nacional a serviço das elites intelectuais e da burocracia imperial e republicana: o fardo dos bacharéis. Acima dos interesses setorializados das oligarquias e da heterogeneidade cultural do povo, os “bacharéis” – os intelectuais e os altos funcionários – assumiam o encargo de civilizar a nação. Essa ideologia entrou em colapso com a redução do papel do Estado e a nova etapa da globalização.
Os Caminhos do Mal-Estar Social: Habitação e Urbanismo no Brasil
Os autores discutem as distorções das políticas de habitação e urbanismo no Brasil. Avalia-se o desempenho recente dos órgãos e instâncias gestores e operadores do sistema habitacional, que, em face da descoordenação institucional do setor e da não- consolidação de bases legais apropriadas, não logram seu objetivo precípuo de financiamento da habitação para a população de baixa renda. As intervenções urbanísticas nas grandes cidades do país são examinadas em sua feição indiscriminada e imediatista, ao não atentarem para um planejamento que considere a importância da criação ou preservação de espaços de fruição e sociabilidade de seus habitantes, em prol de sua qualidade de vida.
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Os Caminhos do Mal-Estar Social: Habitação e Urbanismo no Brasil
Os Caminhos do Mal-Estar Social: Habitação e Urbanismo no Brasil
Ao reconstituir os objetivos e o contexto histórico do seminário para leitura de Marx realizado por um grupo de intelectuais paulista de 1958 a 1964, o autor, na qualidade de um de seus integrantes, examina as influências e o projeto científico que animavam a produção do grupo. Abordam-se os temas da filosofia das ciências humanas implicados naquele projeto, como as tensões da relação ciência/ideologia, a compreensão das estruturas do capitalismo no país em face do processo produtivo e das peculiaridades culturais, a teoria do fetichismo e outros, sobretudo na chave dos problemas lógicos levantados pelo marxismo.
Reforma Agrária em Tempos de Democracia e Globalização
O artigo discute a atualidade da reforma agrária em face do novo contexto político e econômico da agricultura e da sociedade brasileiras. Enfatizando a importância dos novos movimentos sociais no campo, em particular o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União Democrática Ruralista, na redefinição da percepção e dos parâmetros acerca da luta pela terra no Brasil atual, o autor analisa a forma como o tema da reforma agrária é apropriado pelo governo, partidos políticos e diversos atores sociais. Ressalta a necessidade de recolocar as questões levantadas pelo MST e as lutas sociais no campo sob um ponto de vista mais amplo de disciplinamento do meio rural pelo Estado democrático e de um projeto societário com alternativas diversas para os setores sem perspectiva de empregabilidade.
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Reforma Agrária em Tempos de Democracia e Globalização
Reforma Agrária em Tempos de Democracia e Globalização
O artigo trata dos escritos do jovem modernista Sérgio Buarque de Holanda, ao longo dos quais se delineia não apenas uma relação particular do Autor com os jovens da Semana, mas particularmente a gestação, nesse período, das idéias que definiriam o perfil do clássico ensaio de Sérgio Buarque de Holanda.
O autor trata da reconstrução do Estado na América Latina após a crise por que este passou nos anos 80. A par de um exame histórico das mudanças do caráter do Estado no desenvolvimento do capitalismo, traça as principais características que ele deverá assumir no século XXI na qualidade de Estado Social-liberal, em face do contexto de capitalismo globalizado, de suas relações com o mercado e das condições político-institucionais de governabilidade na região.
O artigo trata da produção do grupo de intelectuais paulistas que a partir de 1958 organizou um seminário para estudar O capital. Com a motivação de promover um ponto de vista mais crítico e científico no âmbito da Faculdade de Filosofia, o grupo buscou em Marx a referência para compreender as peculiaridades sociopolíticas brasileiras em face da história contemporânea do capital. O exame sumário de obras representativas do seminário aponta uma nova interpretação, dialética, das relações sociais no país, a qual, fincada no estudo do passado, interrogava a cena atual de um Brasil que buscava emancipar-se e desenvolver-se sob a marca da reposição dos arranjos sociológicos do “atraso” e do “subdesenvolvimento”.
O artigo discute a arte brasileira no processo de sua integração ao contexto artístico internacional, com as contradições de uma modernização periférica. Explora as conexões entre três questões que configuram a dinâmica do desenvolvimento dessa produção artística desde a renovação moderna dos anos 50 e que explicam algo dos desafios da internacionalização em curso: um renitente sentido do “moderno”, que foi perdendo suas conotações utópicas e constituindo-se em problema nas reflexões sobre arte e cultura desde a década de 20; uma vida institucional marcada pela irrupção de ciclos de modernização mas que se demonstra incapaz de sedimentar um campo social da arte e as bases de um sistema cultural; a participação esquiva do legado da arte moderna brasileira no debate cultural, conseqüência de uma resistência no país à dimensão pública da arte, e ainda a noção de espaço público tal como foi tratada nas obras.