Seguindo Douglas North, os autores neoinstitucionalistas afirmam que as instituições são as causas “primordiais” do desenvolvimento econômico, “mais profundas” do que os fatores identificados pelo marxismo como “forças de produção”. Embora essas duas perspectivas cheguem a conclusões diferentes, suas narrativas históricas pouco diferem. Este artigo discute como tais conclusões são deduzidas e argumenta que é equivocada a proposição de uma “primazia causal”: instituições e desenvolvimento são mutuamente endógenos e o máximo que se pode pretender é identificar seus impactos recíprocos.
Este artigo propõe uma abordagem etnográfica das audiências com crianças e adolescentes realizadas nas Varas Especiais da Infância e da Juventude em São Paulo. Além do estudo de caso, o artigo discute as vicissitudes da relação entre o jovem e a justiça no Brasil, analisa as dificuldades de implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente e apresenta reflexões sobre as especificidades de uma etnografia quando o direito é o objeto.
Na entrevista a seguir, o sociólogo Laymert Garcia dos Santos discorre sobre sua trajetória intelectual. A ênfase recai sobre um dos pontos de maior interesse do pesquisador: a questão do “futuro do humano”, vista a partir de suas implicações filosóficas e do debate acerca da “politização da tecnologia” que ela suscita. A conversa foi conduzida pelos integrantes do grupo “Conhecimento, Tecnologia e Mercado” (CteMe), coordenado por ele.
Partindo de uma pesquisa realizada nas comunidades de baixa renda do município do Rio de Janeiro, este artigo pretende contribuir para a compreensão da dinâmica de inclusão e exclusão digital nos setores mais pobres da população. Com base numa amostragem que representa um universo de cerca de 1,2 milhão de pessoas, procura ir além da polaridade entre os que têm e os que não têm acesso a computador e Internet enfatizando os múltiplos aspectos da exclusão digital e apresentando suas implicações para a elaboração de políticas públicas e projetos sociais.
Este artigo fornece um panorama dos principais impasses que se impõem aos países em desenvolvimento no que diz respeito à industrialização e ao comércio internacional. O autor examina os matizes envolvidos nas estratégias de incremento da exportação de produtos manufaturados e argumenta que a retomada do crescimento regional requer apoio não apenas de políticas voltadas para esse setor, mas também de acordos monetários e de cooperação destinados a garantir a estabilidade dos mercados.
Le Havre, Berlim, Jerusalém: A Cartografia do Mundo
Por ocasião de uma exposição de fotos de três cidades (Le Havre, Berlim e Jerusalém), o artigo discute as culturas urbanas e os modos de representação e exposição de fatos urbanos modernos. Como vincular séries de imagens para que se tornem legíveis os enunciados políticos e a memória das cidades diante desses fatos? A análise das imagens de cidades no contexto da guerra (Jerusalém) e da reconstrução (Berlim, Le Havre) remete à produção de culturas urbanas e de arquiteturas entre uma memória local e os fluxos internacionais.
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Le Havre, Berlim, Jerusalém: A Cartografia do Mundo
Le Havre, Berlim, Jerusalém: A Cartografia do Mundo
Nos séculos XVII e XVIII difundiu-se em Portugal uma grande quantidade de obras de polêmica antijudaica quando oficialmente já não existiam judeus no país. Essas obras (tratados, diálogos, sermões, panfletos) por vezes tinham o objetivo aparente de converter sinceramente os cristãos-novos, que continuavam a ser identificados aos judeus. De modo mais freqüente, visavam rebaixar os cristãos-novos e alertar a população cristã-velha sobre o perigo que eles representariam para a sociedade, sendo aqueles postos no tradicional papel de bodes expiatórios, desta vez do declínio do poderio português.
A emergência da China levanta dúvidas sobre o futuro da indústria na América Latina. Embora a teoria de comércio tradicional e três gerações de tigres asiáticos já tenham questionado a capacidade da região de obter participação expressiva no mercado mundial de manufaturados, a China, com oferta ilimitada de mão-de-obra, rápido crescimento da produtividade, escala massiva e estado intervencionista, leva esse questionamento às últimas conseqüências. Este artigo procura discutir a natureza e as implicações desse questionamento.
O artigo investiga como a antropologia reflete sobre os processos históricos. Com base na análise de diversas vertentes teóricas, procura analisar a importância que a história desempenha em cada tradição, bem como reconhecer o papel que a reflexão historiográfica assumiu na própria constituição da antropologia como disciplina. A partir do diálogo com a obra de Lévi-Strauss, Marshall Sahlins e Thomas Mann, entre outros, a autora discorre sobre a noção de tempo não apenas em culturas distantes, mas também na sociedade ocidental.