O artigo discute transformações em curso no mundo do trabalho e da proteção social, indicando que o futuro dos estudos sobre o tema se desloca para além da indústria. A questão da qualificação formal e das competências reais se coloca no contexto do crescimento do setor terciário e sobretudo de novas formas de informalização das atividades e relações de trabalho. A pressão por inserção alternativa atinge hoje toda a população economicamente ativa e à informalidade tradicional soma-se a informalização de setores educados. Por isso, a qualificação ampla e as competências específicas tendem a cada vez mais cunhar as novas formas de inserção no mundo do trabalho.
Celso Furtado e o Desafio do Pensamento Autoritário Brasileiro
Neste ensaio, o autor desenvolve a tese de que a obra de Celso Furtado estabelece um diálogo com a dos autores do chamado “pensamento autoritário brasileiro” do começo do século, em especial Alberto Torres e Oliveira Vianna, analisando por essa via a construção da interpretação furtadiana sobre a configuração do Estado na economia e na sociedade brasileiras pós-30. Identifica ainda as influências teóricas sobre tal construção e discute a importância desta como uma interpretação do Brasil.
Artigos / Articles
Celso Furtado e o Desafio do Pensamento Autoritário Brasileiro
Celso Furtado e o Desafio do Pensamento Autoritário Brasileiro
Ao distinguir entre uma versão “forte” e uma versão “fraca” da tese de Habermas segundo a qual o consenso se aninha na linguagem como o seu telos, o autor coloca em evidência as debilidades da versão “forte” por meio de uma reformulação da versão “fraca”. Mostra que a força superior desta última consiste em possibilitar uma defesa mais consistente de um conceito de verdade não-relativista, de um conceito de racionalidade permeável às diferentes lógicas de argumentação e de um conceito não-objetivista de mundo-da-vida, de tal modo que o falibilismo se torne mais plausível que os procedimentos idealizantes próprios à teoria da verdade como consenso.
Doação Presumida e Transplante de Órgãos no Brasil
A doação presumida foi adotada no Brasil na perspectiva do crescimento da atividade transplantadora. O artigo analisa a evolução do transplante de rins no país e mostra que o principal obstáculo ao crescimento da atividade transplantadora não tem sido a escassez de recursos financeiros ou de órgãos, mas o conjunto de regras que normatiza a utilização desses recursos e o tipo de integração que se tem estabelecido entre o poder público e os prestadores de serviços. Destaca-se a necessidade de rever as regras de financiamento do setor e de fortalecer as instâncias técnico-administrativas responsáveis pela gestão descentralizada do SUS como estratégias que, combinadas à doação presumida, poderão contribuir para o desenvolvimento do transplante no país.
Artigos / Articles
Doação Presumida e Transplante de Órgãos no Brasil
Doação Presumida e Transplante de Órgãos no Brasil
O artigo apresenta uma discussão sobre o que o autor denomina “escola francesa de sociologia”, tomando como eixo quatro princípios – a defesa do racionalismo, a unidade das ciências sociais, a recusa da “teoria pura” e o uso da etnografia – que perpassam a fundação durkheimiana da sociologia e a produção contemporânea de Bourdieu. A partir de sua grande afinidade com a obra deste, o autor oferece uma leitura que se opõe às interpretações menos avisadas e às formas de apropriação simplificadoras sobre a sua produção, cuja contribuição adquiriu destaque no debate sociológico contemporâneo.
O autor analisa esculturas de Franz Krajcberg, nascido na Polônia e radicado no Brasil, elaboradas a partir de árvores queimadas. A abordagem recai sobre a tensão dialética entre arte e natureza na obra do escultor, sob o prisma do efeito devastador do processo de dominação da natureza pelo homem. Em Krajcberg essa tensão não se revela por meio da mímese, mas por força do artefato artístico que opera a metamorfose da natureza destruída, transformada assim em seu próprio “totem”.
Globalização Positiva e Globalização Negativa: A Diferença é o Estado
O artigo examina historicamente o processo de globalização, distinguindo duas modalidades: uma positiva, em que a ampliação de mercados e a integração de economias são conduzidas por Estados nacionais ou por entidades supranacionais, e outra negativa, em que o mesmo processo é impulsionado unicamente pela remoção de barreiras institucionais ao intercâmbio. Como exemplo mais antigo e avançado de globalização positiva, a experiência da União Européia é examinada e contrastada com outras, inclusive a do Mercosul. O artigo conclui com a discussão de alternativas que se abrem ao Brasil em face do desafio de uma globalização negativa que se nutre da crise do Estado nacional.
Artigos / Articles
Globalização Positiva e Globalização Negativa: A Diferença é o Estado
Globalização Positiva e Globalização Negativa: A Diferença é o Estado
O artigo procura responder a uma questão já clássica, sobre a relação de Habermas com a Escola de Frankfurt, a partir da perspectiva da postura crítica frente ao Estado moderno e à empresa capitalista. Toma-se esse ponto específico como representativo do pensamento frankfurtiano por ser um daqueles, capitais, em que há certo consenso entre os vários teóricos dessa tradição. A conclusão parte da confrontação entre Habermas e Adorno pelo fato de este último tratar do problema por meio de uma muito original redefinição materialista de categorias da dialética idealista hegeliana. O roteiro do ensaio é o quarto capítulo de A teoria do agir comunicativo, em que Habermas trata com mais vagar do assunto em pauta.
O artigo procura desmistificar algumas leituras sobre a estrutura sindical corporativa, que dão como incontestáveis a dependência dos sindicatos ao imposto sindical, o caráter assistencialista e burocrático da representação sindical, a dependência à Justiça do Trabalho e a extrema fragmentação da representação de interesses. O autor mostra que o sindicalismo brasileiro se está modernizando apesar da CLT, contra ela e estravasando-a inteiramente. Não se trata, pois, de defendê-la, mas sim de mostrar que a CLT se tornou incapaz de legislar sobre a realidade que ajudou a configurar e que os sindicatos estão revelando o caminho para sua renovação.
Este ensaio mostra as implicações filosóficas da forma poética, por meio do modo específico em que o “pensamento” estético se manifesta na Antígona de Sófocles e, particularmente, na tradução desta tragédia por Hölderlin, a qual chama a atenção para certos jogos de palavras poéticos que funcionam como articuladores da reflexão intelectual implícita neles.