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Um toque de classe, média-baixa
Antonio Flávio Pierucci
Um toque de classe, média-baixa
Antônio Flávio de Oliveira Pierucci
O título pode dar a entender que o suporte social da candidatura vitoriosa de JQ seja uma peça única, uma classe determinada, um estrato social bem recortado. Claro que não. JQ foi bem votado de um extremo a outro da estrutura de classes, nos quatro cantos da cidade. Seu apoio provém antes de um bizarro “patchwork” de grupos, de uma peculiar mixórdia de estratos sociais que diferem substancialmente quanto a sua posição de classe, sua atual situação como resultado do desenvolvimento estrutural da sociedade brasileira, seu caráter social, sua localização espacial na cidade. E que, por isso mesmo, costumam ficar em lados opostos (ou posicionar-se diferentemente) acerca de muitas questões políticas substantivas.
Resumo
os resultados das urnas de 85 por distritos eleitorais apontam para a dominância, no interior desse melê, dos eleitores de renda média, moradores das áreas intermediárias do mapa da cidade. Da antiga periferia. JQ obteve seus piores percentuais nos bairros mais pobres e distantes, e não andou tão bem das pernas nas áreas de elite. Em compensação, foi lá pras cabeças em bairros históricos habitados predominantemente pela classe média baixa: Vila Maria — seu reduto histórico e simbólico —, Tatuapé, Mooca, Pari, Penha, Belém, Brás, Alto da Mooca, Ipiranga, Lapa, Limão, Tucuruvi, Vila Formosa, Vila Guilherme, Vila Matilde, Casa Verde,
Santana. . .