O artigo avalia comparativamente o desenvolvimento social alcançado pelo Brasil, baseando-se em indicadores utilizados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD); o autor analisa também as características que marcaram a dinâmica social brasileira na década de 80, procurando extrair daí algumas lições; e aponta os principais desafios presentes na atual conjuntura social brasileira.
O caso Watergate entrou para a história como um exemplo do poder da imprensa numa sociedade democrática. As denúncias -partidas de alguém conhecido como Deep throat, até hoje anônimo – sobre a participação do presidente dos Estados Unidos numa ação de espionagem contra seus adversários políticos acabaram por levá-lo, na iminência da aprovação de seu impeachment, à renúncia. No nosso “caso Dinda”, o Deep throat tem nome, endereço e parentesco conhecidos: é o próprio irmão do presidente; e, malcomparando, pode-se dizer que o papel desempenhado no episódio norte-americano pelo jornal Washington Post, que “furou” seus concorrentes, coube aqui à Veja, não tanto pelo ineditismo das denúncias, mas pelo destaque dado a elas pela revista mais importante de país.
As estatísticas eleitorais demonstram que após a lei de 1º de junho de 1985, que passou a permitir o voto dos analfabetos, houve uma forte proporção de mulatos e negros iletrados nas listas eleitorais. Duas sondagens, realizadas em São Paulo e no Espírito Santo, entre os dois turnos das eleições para governador de novembro/dezembro de 1990, indicam a emergência de um voto étnico afrobrasileiro que poderá, a termo, influenciar politicamente o conjunto do eleitorado brasileiro.
Tomando por base principalmente a literatura, o autor discute os mitos da história e os paradoxos da cultura russa: entre o Oriente e o Ocidente, o passado e o futuro, a liberdade e a opressão. Para ele, a cultura exprime os ideais mais altos de um povo e não deve ser confundida com o Estado ou a civilização. No caso da Rússia, sua cultura multinacional ter-lhe-ia conferido a missão histórica de servir de ligação entre o Oriente e o Ocidente.
A Representação Política e a Questão da Desproporcionalidade no Brasil
A representação proporcional (RP) é o sistema eleitoral mais utilizado nas democracias liberais. Estudos recentes da literatura internacional têm investigado em que medida a RP cumpre sua promessa de dar aos partidos no parlamento um percentual de cadeiras próximo a sua votação. Este texto apresenta os principais sistemas eleitorais utilizados no mundo democrático e ao longo da história brasileira, e discute a questão da desproporcionalidade do sistema de representação no Brasil, sugerindo mudanças que poderiam torná-lo mais representativo.
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A Representação Política e a Questão da Desproporcionalidade no Brasil
A Representação Política e a Questão da Desproporcionalidade no Brasil
Devido à característica planetária da maioria dos impactos deletérios sobre o meio ambiente, e após o fim dos embates causados pela Guerra Fria, os problemas relacionados ao meio ambiente constituir-seão, nos próximos anos, no principal foco de discórdia e atritos entre países ou grupos de países, provocando o deslocamento do eixo de tensões internacionais do sentido Leste-Oeste para o sentido Norte-Sul – países ricos, os maiores poluidores, versus países pobres. O tipo de desenvolvimento adotado pelos países pobres será determinado pelo estabelecimento, ou não, de um compromisso entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, que leve a uma efetiva cooperação internacional, calcada na busca de uma solução equilibrada e que minimize os efeitos de um não desejável crescimento desenfreado, desorganizado e baseado em tecnologias obsoletas e ineficientes. Este artigo descreve, de maneira sucinta, os principais impactos ambientais causados pela atividade humana, assim como aventa algumas das possíveis alternativas que o debate internacional, fortemente estimulado pela Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Meio Ambiente, poderá engendrar.
O artigo trata da carreira e dos escritos de João Antônio Andreoni, jesuíta que, sob o anagrama de André João Antonil, publicou Cultura e opulência no Brasil em 1711. Andreoni, que viera da Europa a convite de Antônio Vieira para secretariá-lo na Bahia, agiu no sentido oposto aos ideais do seu protetor. Vieira opunha-se à prática bandeirante de escravizar os índios; Andreoni assessorou um pacto dos jesuítas com os paulistas. Vieira militou a favor dos judeus contra a Inquisição; Antonil traduziu do italiano uma obra anti-semita. Vieira comparou o escravo no engenho a Cristo na cruz; Antonil descreveu pateticamente os tormentos da cana transformada em açúcar.
As Conseqüências Econômicas da Independência Brasileira
Os autores procuram demonstrar o pouco poder explicativo da teoria neoclássica e da teoria da dependência no que diz respeito às consequências econômicas da Independência brasileira. Ao contrário do que diz a concepção neoclássica, no caso do Brasil a independência política não implicou transformação estrutural da economia. Quanto à teoria da dependência, embora explique algumas das características da economia brasileira num nível superficial, deixa de ser satisfatória quando se levam em conta os dados empíricos.
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As Conseqüências Econômicas da Independência Brasileira
As Conseqüências Econômicas da Independência Brasileira
O artigo resenha dois livros recém-lançados na França sobre Louis Althusser: o primeiro volume da autobiografia do filósofo (L´avenir dure longtemps) e o primeiro volume de uma minuciosa biografia de Althusser (La formation du mythe (1918-1956), de Yann Moulier Boutang). Em O futuro leva muito tempo Althusser procura explicar a configuração psíquica que o levou a cometer um crime -o assassinato de sua mulher Hélène – do qual ele esteve mentalmente ausente. Para Michel Contat, Althusser pretende escrever uma espécie de relatório sobre as feridas afetivas, os fantasmas, as carências e os desejos inconscientes que o transformaram num ser incapaz tanto de viver como de morrer. Talvez Althusser seja lembrado como o primeiro autor de uma autobiografia escrita à luz da psicanálise – uma “histoire de cas” escrita pelo sujeito hermeneuta de si mesmo.
As Restrições Financeiras à Retomada do Desenvolvimento na América Latina
Este artigo recupera a discussão de um problema estrutural das economias latino-americanas, que é a questão do financiamento. A autora procura mostrar que, no atual contexto internacional de importantes mudanças na base produtiva e em função das consequências da crise da dívida externa, a retomada do desenvolvimento econômico na região exige a recuperação dos fluxos financeiros externos, essencialmente para superar as restrições cambial e de financiamento do setor público. Essa recuperação, entretanto, não pode ser esperada dos agentes financeiros privados internacionais, que, em função da crise do inicio dos anos 80 e da retomada da demanda por recursos nos países industrializados, voltaram suas prioridades para o mundo desenvolvido. Assim, o problema do financiamento do desenvolvimento está presente, ainda que alguns países possam estar beneficiando-se conjunturalmente de uma maior entrada de capitais.
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As Restrições Financeiras à Retomada do Desenvolvimento na América Latina
As Restrições Financeiras à Retomada do Desenvolvimento na América Latina
Este estudo serve de introdução a Os melhores poemas de Augusto dos Anjos (Global). Trata-se, no entanto, de trabalho praticamente inédito, já que o livro se encontra fora de circulação.
A presença de escravos africanos na documentação produzida pela visita inquisitorial no Brasil é muito escassa, quase nula. O caso de “José, mulato, escravo”, o único escravo a ser processado pelo visitador da Inquisição em Pernambuco, embora não constitua caso típico da história da escravidão no Brasil, é revelador da escravidão brasileira do final de quinhentos e ilustra a tese sobre a relativa capacidade de barganha do escravo em face de seus senhores.
O nacionalismo russo na sua complexa relação com a ideologia oficial, dos tempos da monarquia à perestroika, constitui o tema deste artigo. A par das transformações sofridas pelo movimento nacionalista, o autor aponta o uso idêntico que dele fizeram os czares e dirigentes como Stálin, Khrushóv e Brêjnev, na luta contra a influência ideológica do Ocidente; e discute o papel minador do Estado que o nacionalismo, após ser “desarmado” pelo internacionalismo blochevique – responsável pela integridade territorial do império extinto com a Revolução de Outubro -, passa a desempenhar mais intensamente com a burocratização do regime soviético. Analisa, por fim, a correlação de força do nacionalismo russo com o movimento democrático no processo de desintegração da União Soviética.
Este artigo discute as particularidades da “viagem moderna” analisando sobretudo as relações entre a viagem e a narrativa. A discussão tem por suporte a leitura de duas obras que podem ser consideradas como relatos de viajantes – Tristes trópicos, construído a partir da experiência brasileira de Claude Lévi-Strauss nos anos 30; e L´Afrique fantôme, diário da expedição Dakar-Djibouti escrito, também nos anos 30, por Michel Leiris. A comparação entre as duas obras possibilita a compreensão do processo de formação do etnólogo na França dos anos 30, quando se realizam as primeiras grandes pesquisas de campo.
Reflexões Sobre a História das Mentalidades e a Arte
Num texto autobiográfico, Duby conta como seu trabalho de historiador foi-se dirigindo para o que Lucien Febvre, fundador da escola dos Annales, reclamava não existir: a história explicada não apenas através da economia, mas também das civilizações – da cultura. Aquilo que Marc Bloch chamou “atmosfera mental”. Duby detém-se especialmente sobre a gênese do nome que assinalou decisivamente a especificidade da escola histórica francesa, marcada pela denominação “história das mentalidades”. Na mesma época Duby participou de um projeto editorial sobre a criação artística na história. Falando sobre os problemas encontrados ao ter como material de trabalho objetos, e não palavras, dificuldades sobretudo de ordem metodológica, Duby desvenda suas próprias emoções de apaixonado pela arte.
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Reflexões Sobre a História das Mentalidades e a Arte
Reflexões Sobre a História das Mentalidades e a Arte
Faz dez anos que estourou a crise da dívida externa dos países latino-americanos. A partir de então, eles sofreram pressões dos bancos credores e, principalmente, dos organismos financeiros internacionais para que “ajustassem” suas economias, o que os levou a passarem de receptores a exportadores de capitais para o mundo desenvolvido. O autor – que, como editor de economia da mais importante rede de televisão brasileira, acompanhou de perto a questão da dívida – conta os bastidores das negociações brasileiras, destacando a responsabilidade dos bancos privados e de instituições como o FMI e o Banco Mundial na crise, e apontando as questões políticas envolvidas nas estratégias adotadas pelos países devedores.
Após interpretar a crítica de Wittgenstein à “linguagem privada”, Tugendhat se volta para as suas concepções positivas. Em primeiro lugar, ele apresenta a opinião de Wittgenstein sobre as proposições sobre estados subjetivos em terceira pessoa: elas devem ser explicadas em conexão com o comportamento da pessoa a quem atribuímos o predicado. Mas isso não distingue suas concepções do behaviorismo. Para traçar essa distinção, Tugendhat aborda a tese de Wittgenstein sobre as proposições sobre estados subjetivos em primeira pessoa: elas são uma espécie de comportamento. Finalmente, ele reformula alguns pontos do pensamento de Wittgenstein.