Governança e coordenação no SUS: aprendendo com a pandemia de Covid-19
Vera Schattan P. Coelho, Gerry Bloom, Rômulo Paes-Sousa, Danilo Cesar Fiore, Ana Luiza Viana, Nelson Ibañez, Glauco Arbix, Guilherme Mello e Mariane Ceron
Sistemas de saúde plurais enfrentam de forma recorrente o desafio de coordenar múltiplos setores e níveis de governo na busca do interesse público. Investigamos como esse desafio foi enfrentado pelo sus durante a pandemia de Covid-19. Identificamos o protagonismo dos atores subnacionais, a cooperação entre setores e a saúde digital como inovações que potencializaram essa coordenação. Discutimos sua emergência, as possibilidades que oferecem para o aperfeiçoamento do sus e como sustentá-las.
Palavras-chave: SUS; governança; Covid-19; público e privado; saúde digital
Abstract
For plural health systems, promoting coordination between multiple sectors and governments levels is a permanent challenge. This study explores how the sus dealt with this challenge during the Covid-19 pandemic, identifying proactive subnational actors, cross-sector cooperation and digital health as innovations that enhanced this coordination. Their emergence, the possibilities they represent for improving the sus and how they can be sustained are discussed.
Keywords: SUS; governance; Covid-19; public and private; digital health
Artigos / Articles
Governança e coordenação no SUS: aprendendo com a pandemia de Covid-19
Governance and Coordinantion in the Brazilian Health Care System: Learning from the Covid-19 Pandemic
Vera Schattan P. Coelho, Gerry Bloom, Rômulo Paes-Sousa, Danilo Cesar Fiore, Ana Luiza Viana, Nelson Ibañez, Glauco Arbix, Guilherme Mello e Mariane Ceron
How do state courts in Brazil participate in the debate about Covid-19 policies? I argue that state courts had a role in making decisions on key policies when political actors couldn’t agree on how to handle the crisis. This paper compares its findings to what previous research has found on the role of the STF at the federal level. The results show that subnational institutions tried to use state courts to halt such policies in a similar way to what happened in the STF.
Como os tribunais estaduais no Brasil participam do debate sobre as políticas da Covid-19? Os tribunais estaduais tiveram um papel nas decisões sobre políticas-chave quando atores políticos não concordaram sobre como lidar com a crise. Este artigo compara suas descobertas com pesquisas anteriores sobre o papel do STF no nível federal. Instituições subnacionais tentaram usar tribunais estaduais para cancelar políticas, de modo similar ao ocorrido no STF.
No período pós-guerra, surgiu a acusação da existência de “racismo no Itamaraty”. A finalidade deste artigo é examinar como esse assunto foi tratado pela imprensa brasileira e pelas lideranças negras, a partir sobretudo da repercussão do episódio de suposta discriminação racial que o professor negro José Pompilio da Hora teria sofrido, por parte do Instituto Rio Branco, quando se inscreveu no concurso admissional para a carreira diplomática.
In the post-war era, an accusation of “racism at Itamaraty” arose. The purpose of this article is to examine how this subject was treated by the Brazilian press and by Black leaders, based mainly on the repercussion of the episode of alleged racial discrimination that the Black teacher José Pompilio da Hora would have suffered, on the part of the Rio Branco Institute, when he applied for the diplomatic career entrance exam.
O artigo oferece uma genealogia da filosofia do desenvolvimento de Álvaro Vieira Pinto e argumenta que populismo e democracia podem se relacionar de maneira complementar ou antitética. Uma leitura contextualizada da obra de Vieira Pinto indica que o populismo fortalece a democracia quando combate o neocolonialismo e amplia a participação popular. O populismo, contudo, vai contra a democracia se adota uma concepção exclusivista do povo que nega o pluralismo.
Palavras-chave: Álvaro Vieira Pinto; populismo; democracia; filosofia do desenvolvimento; história intelectual brasileira
Abstract
This article offers a genealogy of Álvaro Vieira Pinto’s philosophy of development and argues that populism and democracy can interact in complementary or antithetical terms. A contextualized reading of Vieira Pinto’s work indicates that populism strengthens democracy when it resists neocolonialism and expands popular participation. However, populism goes against democracy if it adopts an exclusionary conception of the people that denies pluralism.
Keywords: Álvaro Vieira Pinto; populism; democracy; philosophy of development; Brazilian intellectual history
Artigos / Articles
Populismo e democracia: reflexões a partir de Álvaro Vieira Pinto
Populism and Democracy: Reflections on Álvaro Vieira Pinto
No conto “Tapiiraiauara”, Guimarães Rosa apresenta uma cena de caça na qual entram em jogo a vida de uma anta e questões de diplomacia. Partindo do debate sobre cosmopolíticas, a análise do conto revela problemas que incidem sobre perspectivas ameríndias tupi-guaranis e o Modernismo, especialmente quanto à simbologia de alguns animais que surgem no embate entre o cosmopolitismo antropofágico e o nacionalismo verde-amarelo.
In his short story “Tapiiraiauara,” Guimarães Rosa portrays a hunting scene in which a tapir’s life and diplomacy issues are at stake. Based on the cosmopolitics debate, the analysis of the story reveals problems related both to Amerindian Tupi-Guarani perspectives and Brazilian Modernismo, especially regarding the symbolism of some animals that appear in the clash between “anthropophagic” cosmopolitans and verde- -amarelo nationalist group.
O artigo analisa a relação entre o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ e a Comissão Nacional da Verdade a partir do arcabouço teórico sobre a institucionalização, explorando a relação entre Estado e movimento social. Argumenta que a utilização de enquadramentos diferentes de reparação levou o Grupo Tortura Nunca Mais a se afastar da Comissão Nacional da Verdade na luta pelos direitos humanos.
Palavras-chave: Grupo Tortura Nunca Mais; Comissão Nacional da Verdade; direitos humanos; institucionalização; justiça
Abstract
The article analyzes the relationship between the Torture Never Again Group/rj and the National Truth Commission and explores the relationship between the State and social movement. It argues the application of different frameworks of reparation has led the Torture Never Again Group to distance itself from the National Truth Commission in the struggle for human rights.
Keywords: Torture Never Again Group; National Truth Commission; human rights; institutionalization; justice
Artigos / Articles
Memória ou justiça? O conflito entre o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ e a Comissão Nacional da Verdade
Memory or Justice? The Conflict between the Torture Never Again Group/RJ and the National Truth Commission
In this article we argue that Brazilian hip hop has opened up and become transgressive in terms of commodification practices, spaces of performative occupation and racial and gendered identification. Such expansion has meant not only an ideological broadening of what counts as hip hop and Black but also where such expressions are recognized as legitimate. This article focuses on the work of Emicida, Linn da Quebrada, Rico Dalasam and Jup do Bairro.
Keywords: hip hop; blackness; queer; cultural politics; artification
Resumo
Neste artigo argumentamos que a cultura hip hop brasileira é mais transgressora em termos de práticas mercadológicas, espaços de ocupação performativa e identificação racial e de gênero. Tal expansão significou não apenas uma ampliação ideológica do que se entende como hip hop e negro, mas também onde tais expressões são reconhecidas como legítimas. O artigo tem como foco os trabalhos de Emicida, Linn da quebrada, Rico Dalasam e Jup do Bairro.
Palavras-chave: hip hop; negritude; queer; políticas culturais; artificação
Artigos / Articles
Brazilian Performers go beyond the Street: The Queering and artification of Hip Hop
Para além das ruas: rap queer e processo de artificação do hip hop brasileiro
MARINA CAMARGO é artista visual. Nascida em Maceió, sua formação ocorreu principalmente em Porto Alegre, onde estudou Artes Visuais no Instituto de Artes (UFRGS). Em 2010, recebeu uma bolsa do DAAD para estudar na Akademie der Bildenden Künste (Munique – Alemanha), posteriormente concluindo seus estudos na instituição.
Em 2023, participou da 14º Bienal de Shanghai no museu Power Station of Art (Shanghai, China). Integrou o 37º Panorama da Arte Brasileira (Museu de Arte Moderna, São Paulo, 2022) e a Guangzhou Image Triennial no Guangdong Museum of Art, em Guangzhou (China, 2021). Entre as exposições individuais que realizou recentemente estão A Certa Sombra (Instituto Ling, Porto Alegre, 2023), Onde a Terra dobra (Superfície, São Paulo, 2023) e Cartografías fluidas y otras metarmofosis del espacio (Fundación Giménez Lorente / Universidad Politècnica de València – Espanha, 2022).
A prática multidisciplinar de Marina Camargo está centrada em sua investigação relacionada à representação das coisas ou fenômenos do mundo, marcada por uma noção de deslocamento. Trabalhos relacionados a mapas são uma parte abrangente de sua pesquisa, a partir de onde ela distorce e problematiza representações do espaço frente a narrativas dominantes. Os interesses de Marina se direcionam a histórias ocultadas ou esquecidas, com a intenção de perturbar as narrativas implícitas nessas diversas representações.
O ensaio visual “Distúrbios, fluxos e desdobramentos” reúne uma série de desenhos onde a representação dos continentes é transformada através de distorções, expansões e dobras. As diversas transformações provocadas nas representações do mundo remetem a um questionamento de uma ordem estabelecida